Segundo denúncias da organização democrático-revolucionária Corrente do Povo – Sol Vermelho, a comunidade Moisés Ghandi, território organizado pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), foi alvo de ataques de um grupo pistoleiro a serviço do latifúndio no dia 22 de maio. A comunidade fica localizada na cidade de Ocosingo, no estado mexicano de Chiapas, onde o EZLN tem forte atuação. Segundo a nota divulgada pela CP-SV, o ataque é parte de uma escalada de agressões reacionárias contra o povo e comunidades que se opõem ao governo oportunista de Andrés Manuel López Obrador e seus megaprojetos de submissão ao imperialismo, como o Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec (Ciit).
O documento denuncia que o ataque foi realizado pela Organização Regional de Cafeicultores de Ocosingo (ORCAO), organização paramilitar reacionária que atua a serviço do latifúndio e do velho Estado mexicano. O governo do estado de Chiapas, liderado por Rutilio Escandón Cadenas, também foi responsabilizado e acusado de manter ligação com os grupos paramilitares. Como resultado do ataque, um ativista, de nome Tzotzil Gilberto López Sántiz, foi gravemente ferido na ação.
Os megaprojetos da gestão de André Manuel López Obrador têm sido alvo de contundente resistência popular de camponeses, indígenas e comunidades pelos inúmeros casos de despejo, desapropriação, sequestro, repressão e assassinatos promovidos pelas empresas imperialistas e grupos paramilitares por elas contratados. São recorrentes, também, as sabotagens a plantações e criações de gado dos camponeses e fustigações por meio de disparos de arma de fogo contra comunidades camponesas e indígenas na região.
Isso faz parte, conforme denuncia a CP-SV, da guerra reacionária contra povo preparada pelo velho Estado mexicano para a garantir a manutenção da velha ordem e desenvolvimento de seus megaprojetos. Em fevereiro, López Obrador anunciou o envio de mais de 5 mil militares da Guarda Nacional para a “proteção” da construção do Tren Maya, ferrovia que será coluna vertebral do Ciit. Desse efetivo, 3.200 serão destinados à “segurança física” nos estados de Tabasco, Chiapas, Campeche, Yucatán y Quintana Roo. Além desses cinco estados, a região de Oaxaca, de forte atuação da CP-SV, também tem sido alvo de diversas operações de pistolagem nos últimos anos.
Esse cenário reforça o legado histórico do governo de Chiapas e do velho Estado mexicano, erguido e mantido pelo derramamento de sangue camponês e indígena. Nesse contexto, Obrador atua de forma ativa pela militarização das regiões afetadas pelos megaprojetos ou pela conivência e beneplácito aos grupos paramilitares que atuam contra os camponeses, de forma a garantir a instalação dos megaprojetos e instaurar na região a guerra reacionária e preventiva aos levantes de massas por terra e em defesa de seus territórios.