Manifestação contra o abuso de uma jovem por policiais em León, Guanajuato. Foto: Brenda Orozco, PopLab.
Pelo menos 24 mulheres e um homem foram detidos em Léo (Guanajuato) durante uma manifestação contra o abuso de uma jovem por um policial na mesma cidade. Após detenção em massa, manifestantes relataram terem sofrido agressões e abusos sexuais dentro dos camburões por parte dos policiais. Também durante o protesto, ocorrido no dia 22 de agosto, houve confrontos entre as manifestantes e as policiais que as reprimiam brutalmente, com 20 agentes ficando feridas.
Cerca de 300 mulheres participaram da marcha contra a violência policial, sendo que o abuso policial começara com espancamentos de manifestantes durante a manifestação e culminou em menores de idade sendo estupradas e sequestradas por agentes de repressão.
Uma rede do movimento de mulheres de Leon foi até as diferentes delegacias da Polícia de Guanajuto coletar depoimentos das detidas e, em geral, elas relatam que os agentes as ameaçaram pessoalmente, zombaram delas, as ofenderam e as espancaram em muitas ocasiões dentro dos camburões.
A Rede pelos Direitos da Criança no México relatou, ainda, que algumas das manifestantes (entre elas várias menores de idade) não foram levadas às instalações policiais e até então seu paradeiro era desconhecido. Também, quatro repórteres mulheres sofreram agressões e ameaças dos agentes de repressão, de acordo com a mídia local.
Durante o protesto do dia 22, as manifestantes atacaram o posto policial em que a jovem Evelyn fora abusada pela polícia no dia 14 de agosto.
Jovem relata abuso pela polícia
De acordo com denúncia da jovem abusada, tudo aconteceu na manhã de 14 de agosto. Evelyn tinha saído com alguns amigos para um bar e depois de algumas bebidas os jovens decidiram ir e comer tacos. Entretanto, a jovem, sentindo-se um pouco tonta, preferiu esperar por eles no carro, que estava estacionado a poucos metros do posto policial no Templo Expiatório.
“Pensei que estaria a salvo ao lado da cabine da polícia”, disse ela. Eles viram alguém de quem tirar vantagem”, disse ela. A garota disse que os agentes na cabine da polícia se aproximaram dela e, quando viram seu estado, pediram que ela tirasse suas roupas, como parte de um “protocolo que eles tinham que fazer para garantir que ela não tivesse drogas”.
“Um dos policiais ousou me tocar, começou a tocar partes íntimas do meu corpo e me fazer perguntas desconfortáveis, eu não sabia como reagir a isso”, disse a jovem em sua história, assegurando que havia muitos outros policiais perto do local e nenhum veio para ajudá-la ou para ver o que o colega estava fazendo.
“Eu só queria que acabasse, tinha medo que ele ousasse fazer algo pior comigo, me sentia desconfortável, com medo, intimidada, ele me convidou para ir com ele, me perguntou se eu queria fazer sexo oral ou anal com ele, a tudo isso respondi que não, ele saiu e mais policiais chegaram”, disse a jovem em sua queixa.