A polícia e a Guarda Nacional atacaram operários mexicanos que protestavam, pelo segundo dia, em 13 de outubro, na Refinaria Dos Bocas em Tabasco, contra o monopólio ICA Flour, contra o atraso e desconto de seus salários, realizados de forma arbitrária. Foram lançadas bombas de gás lacrimogêneo e pelo menos quatro operários foram atingidos por bala de borracha, sendo um no olho.
As manifestações dos operários começaram no dia 12/10, data em que Cristóvão Colombo desembarcou na América, em referência à luta travada pelos povos indígenas contra o colonialismo espanhol.
A ICA Flour, por sua vez, é uma subsidiária do Grupo Carso, de propriedade de Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo. Slim possui fortes ligações com o partido do governo de turno, o Movimento Regeneração Nacional (Morena).
O presidente do México, o oportunista Andrés Manuel López Obrador, dissimula os reais motivos dos protestos e argumenta que eles são feitos por “líderes de sindicatos” que estariam “brigando por mais dinheiro”.
O que são os megaprojetos?
As massas mexicanas têm lutado incansavelmente contra todos os megaprojetos impostos pelo imperialismo, como o Projeto Morelos Integral (gasoduto que cruzaria três estados), o Trem Maia (ferrovia que atravessaria a península de Yucatán), o Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec (ferrovia), a Refinaria Dos Bocas, entre outros.
Ao contrário do que argumentam os burocratas que promovem desde o velho Estado esses megaprojetos e os imperialistas que os impõem e deles necessitam, esses projetos não configuram melhora alguma às massas locais, nem avanço para o país. Eles são, na realidade, projetos que servem à exportação de produtos e capitais da semicolônia mexicana, e ao auxílio à economia imperialista com o transporte desses produtos para o estrangeiro.
Todos esses projetos ocorrem durante o programa da “quarta transformação” (4T) de López Obrador, em que o oportunista voga acabar com os “abusos dos privilegiados” (casta de burocratas do velho Estado). Todas essas medidas do governo de Obrador tem por objetivo reimpulsionar o capitalismo burocrático no México.
Massas rechaçam os interesses do imperialismo!
As massas de operários e camponeses mexicanos se organizaram ao longo destes últimos dois anos de governo, criando unidade para ação em comum e declarando resistência contra o velho Estado.
Em cada território onde os megaprojetos foram realizados, as massas rechaçaram através da organização de marchas, bloqueios de estradas, ocupação de prédios dos megaprojetos, foros e ações legais.
Velho Estado e imperialistas assassinam o povo
O último episódio de repressão contra os trabalhadores em luta foi o mais recente de uma longa lista, apenas dentro do governo de quase três anos “4T”.
Em 10 de outubro de 2021, no estado de Oaxaca, houve a detenção arbitrária da professora de educação indígena Micaela Valdivieso Joaquín, membro da Seção XXII do SNTE-CNTE e da União das Comunidades Indígenas da Zona Norte do Istmo, assim como de seu filho Eberh Muñóz, ambos ativistas contra o Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec.
No mesmo estado, em 20 de setembro de 2021, em Oaxaca, aconteceu a prisão arbitrária do ativista Salvador Pinal Meléndez, membro do Corriente del Pueblo Sol Rojo e do Comitê de Defesa da Terra “Não mais imposições”, oponente do Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec.
Em 11 de abril de 2019, foi assassinada a liderança comunitária de Oaxaca Luis Armando Fuentes Aquino, membro do Corrente do Povo Sol Vermelho e da Comissão em Defesa da Terra. Luis Armando era militante contra o Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec e ativista da Resistência Civil contra os altos preços da eletricidade.
Em fevereiro de 2019, foi assassinado o ativista Samir Flores Soberanes, membro da Frente Popular em Defesa da Terra e da Água de Morelos, Tlaxcala e Puebla, que lutava contra o Projeto Morelos Integral e da Usina Termoelétrica de Huexca.
Em Chiapas, setembro de 2021, foi assassinado o ativista “Companheiro Domingo”, do Exército Zapatista de Libertação Nacional, organização contrária ao Trem Maia.
A organização Corrente do Povo Sol Vermelho afirma que isso configura uma guerra de baixa intensidade contra o povo e exige o fim a repressão contra as massas e punição aos que a executam, além do cumprimento com as exigências trabalhistas dos trabalhadores e a defesa do seu direito de ir contra seus patrões e sindicatos oportunistas.
Demandam também o cancelamento de todos os megaprojetos do imperialismo, liberdade para Salvador Pinal Meléndez e justiça para Luis Armando Fuentes Aquino.
Veja aqui as imagens do dia do protesto: