México: Velho Estado prende e tortura militantes da Corrente do Povo Sol Vermelho

México: Velho Estado prende e tortura militantes da Corrente do Povo Sol Vermelho

A polícia mexicana prendeu e torturou, no estado de Oaxaca, três militantes da Corrente do Povo Sol Vermelho (CPSV, Corriente del Pueblo Sol Rojo, em espanhol), uma organização revolucionária e democrática do México, em 20 de setembro.

Os militantes, além de terem sido atacados com armas de fogo e facas pelas forças de repressão, também foram detidos arbitrariamente pela polícia municipal de Tehuantepec. A organização denuncia que a prefeita Vilma Martínez Cortés e o mercenário “Tacho Canasta” estão por trás dessa onda de ataques.

Salvador Pinal Meléndez, Salvador Pinal Vicente e a professora Lucero Pinal Vicente, após serem detidos arbitrariamente e espancados por policiais, foram submetidos à Vice-Procuradoria Regional do Istmo, especializada em “crimes de alto impacto” (os tipos mais graves).

Após a intervenção do órgão jurídico da sua organização, os companheiros Salvador Pinal Vicente e a professora Lucero Pinal Vicente foram libertados por ausência de acusações contra eles.

No entanto, o companheiro Salvador Pinal Meléndez continua submetido ao promotor público, acusado falsamente de crimes como o “disparo de arma de fogo” e a “posse de arma de fogo para uso reservado do exército mexicano”.

Revolucionários são perseguidos pelo velho Estado

O CPSV relata que a situação atual que vivem confirma que há uma campanha de criminalização contra sua organização e sua luta em defesa dos direitos do povo. Principalmente por se opor aos megaprojetos de exploração que causam destruição das áreas cultiváveis e das comunidades camponesas como o Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec.

Adicionam que os ataques contra sua organização não são novos: têm certeza da responsabilidade do velho Estado pelo desaparecimento forçado do Dr. Ernesto Sernas García (10 de maio de 2018) e pela emboscada seguida de assassinato do militante revolucionário Luis Armando Fuentes Aquino (11 de abril de 2019). 

Também têm clareza sobre a responsabilidade do velho Estado por omissão em relação ao despejo forçado por grupos paramilitares de seus companheiros, o povo Triqui de San Miguel Copala, bem como a criminalização, perseguição e assédio contra as comunidades que compõem a Resistência Civil contra as altas tarifas da energia elétrica. 

Soma-se aos crimes do velho Estado a demissão de mais de 2.200 trabalhadores da saúde em meio à pandemia refletida na disseminação de infecções comunitárias em municípios indígenas de várias regiões do estado de Oaxaca.

Corrente do Povo Sol Vermelho aprofunda luta combativa diante da repressão

Os ativistas alertam que o governo estadual, em cumplicidade com o governo federal, pensam erroneamente se com essa atitude acham que desgastarão as bases da Corrente do Povo Sol Vermelho ou abalarão seu espírito de luta combativa. 

Diante desta situação, o Comitê Estadual de Oaxaca do Sol Vermelho convocou o início de uma série de mobilizações em diversas regiões a partir do dia 23/09, no âmbito do 56° aniversário do assalto ao quartel de Madera, conhecido como o início da luta armada socialista no México. 

Os Cinco Pontos Centrais

Mais uma vez, o CPSV levanta a exigência inalienável de respeito e conformidade com seus Cinco Pontos Centrais. No primeiro ponto, exigem a libertação imediata e incondicional de Salvador Pinal Meléndez (preso político no Istmo de Tehuantepec), cancelamento do processo penal e mandados de prisão contra seus militantes, prisão para o mercenário Tacho Canasta, apresentação do Dr. Ernesto Sernas García vivo, punição dos assassinos de Luis Armando Fuentes Aquino e punição para quem explora o povo. 

No segundo ponto, exigem o cumprimento das medidas cautelares dos despejados Triquis de San Miguel Copala e contra o assédio das comunidades em greve de pagamentos contra as altas tarifas de energia elétrica. 

No terceiro ponto, exigem o cancelamento dos megaprojetos de despejo e exploração que têm como efeito direto ou indireto o assassinato de camponeses e povos indígenas: a subestação elétrica militar em San Blas Atempa, o Parque Eólico Binniza em Juchitán e cancelamento da construção do Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec. 

Em um 4° ponto, exigem respeito pelos direitos trabalhistas e sindicais, em apoio aos trabalhadores filiados ao art. 9º do Sindicato Independente Nacional de Trabalhadores da Saúde e Sindicato Único de Trabalhadores do Telebachillerato, contra os despedimentos em massa, em defesa dos salários e dos direitos coletivos dos trabalhadores. 

Em 5° ponto, exigem o respeito dos direitos do povo.

‘As redes são dos imperialistas, mas as ruas são do povo’

No início deste ano, a organização registrou tráfego suspeito em seu blog, Twitter e Facebook; eles haviam sido hackeados e sabotados muitas vezes antes disso.

De acordo com o Sol Vermelho, a repressão de seus canais na internet coincide com a sua assinatura da Declaração pela Vida emitida pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional, e ocorre depois que a organização informou sobre o assassinato do Presidente Gonzalo.

O Sol Vermelho ainda destacou em nota: “as redes sociais são controladas por monopólios e os imperialistas, mas as ruas são do povo!”

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