Reproduzimos a seguir matéria publicada no blog do Movimento Feminino Popular (MFP), dia 06 de março de 2020. Este e outros artigos sobre a questão da mulher podem ser lidos na página do MFP: http://brasilmfp.blogspot.com/
8º Congresso da LCP do Norte de Minas e Sul da Bahia
Temos assistido no Brasil um aumento gritante de todo tipo de violência contra a mulher. Espancamentos, estupros efetivados com toda sorte de crueldade contra mulheres adultas, jovens e crianças. O Brasil é o quinto país do mundo no ranking mundial da prática de feminicídio. Entre 2007 e 2017 o número de mulheres mortas de forma violenta em todo o país aumentou 30,7%, alcançando o número estarrecedor de 4.936. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou em 2018 mais de 66 mil estupros. Segundo o IPEA, cerca de 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes. Outros estudos estimam que os números oficiais representam apenas 10% do total dos casos que realmente acontecem.
Estes números nos revelam que a tão proclamada “liberdade sexual feminina”, vendida agora como “empoderamento”, não passa de discurso demagógico dos defensores desta velha ordem imperante vendida como democracia. O fato é que em nosso país a mulher segue sendo vítima dessa sociedade patriarcal, machista e misógina, sendo vista como propriedade do homem, que deve dispor da vida feminina como bem queira, como puro objeto sexual e escrava doméstica.
Mesmo as leis que o Estado reacionário cria para supostamente defender as mulheres, se voltam contra elas próprias e somente mascaram a solução do problema. Desde que a lei do feminicídio entrou em vigor, os casos de feminicídio subiram 62,7% (segundo o mesmo Anuário). As mulheres pobres quando fazem denúncias são tratadas de forma humilhante e, por vezes, seguem ainda mais vulneráveis e expostas a todo tipo de agressão.
Nós, mulheres do povo que sofremos todo tipo de abuso não devemos ter qualquer ilusão quanto ao Estado reacionário. Porque este velho Estado não pode assegurar nada que sirva ao povo, a não ser aumentar a sua criminalização e tratar tudo como caso de polícia. Devemos garantir nosso direito à autodefesa e nos organizarmos de forma independente para nos proteger.
A secular naturalização da violência contra a mulher em nossa sociedade, herdada do mesmo mal imposto pela velha ordem colonial é algo tão absurdo que milhares de vítimas sofrem durante anos sem a menor condição de se defender. O monopólio de imprensa e variantes dos grupos feministas burgueses e pequeno-burgueses demagogicamente debatem as estatísticas e tratam as notícias de forma sensacionalista, demonizando os homens que cometem esses crimes como se fossem a fonte de todo mal, individualizando o problema e apresentando como solução a simples punição dos executores de tais crimes.
Tudo isto é feito para esconder que a origem de todo esse cenário apavorante é a sociedade dividida em classes, é a manutenção dessa sociedade de exploração e opressão, que tem na opressão feminina uma de suas principais bases de sustentação e que é o próprio sistema capitalista que educa homens e mulheres incutindo em sua formação as concepções machistas e patriarcais.
A libertação das mulheres só será conquistada com a libertação de toda classe explorada, com o socialismo e no caso do nosso país onde se desenvolve o Capitalismo Burocrático, atrasado, com uma Revolução Democrática, agraria e anti-imperialista ininterrupta ao Socialismo! O Movimento Feminino Popular repudia toda essa velha ordem hipócrita e reafirma a luta pela construção de uma sociedade que ponha fim a toda repugnante ordem de opressão feminina.