Durante toda a última semana de setembro, foram realizadas diversas manifestações na capital mineira denunciando as queimadas promovidas pelo latifúndio, exortando medidas punitivas contra os criminosos do meio ambiente e defendendo a luta pele terra.
Em meio aos danos causados pelos crimes do latifúndio, afetando mais de 60% de todo o território nacional, manifestantes no dia 22 de setembro denunciaram na Feira Hippie de Belo Horizonte o descaso do estado frente as atividades criminosas. Foram levantados cartazes exigindo maiores medidas punitivas frente aos crimes e palavras de ordem denunciando o ocorrido. A manifestação toda contou com o amplo apoio da população.
Em entrevista ao jornal A Nova Democracia, um representante do Projeto Plantar conta:
“Nosso objetivo é sensibilizar as pessoas para que o fato que causar incêndio em vegetação
não é uma prática normal, é uma prática criminosa! Seja independentemente do tamanho
daquela área, isso está previsto em lei […] e pouca gente sabe disso! É uma coisa rotineira no
Brasil, e a gente tem que fazer com que o poder público tenha ações mais enérgicas e, principalmente, punir quem faz esse tipo de ação! Queremos também que seja feita uma revisão da nossa legislação. As penas previstas são penas brandas. São dois a quatro anos de detenção. Precisamos de penas mais severas para que as pessoas que façam esse crime realmente possam cumprir a pena em regime pesado! Para inibir essa prática tão lesiva ao meio ambiente.”
Da mesma forma, no dia 29 de setembro, diversos ativistas e militantes respondendo a convocação da Organize Seu Ódio, uniram-se na Praça da Estação em apoio à Revolução Agrária, contra os crimes das mineradoras e as queimadas. Foram feitas falas em denúncia à cumplicidade do governo federal frente aos ataques do latifúndio, em defesa da Revolução Agrária como forma de avanço na luta camponesa e demarcação das terras todos povos originários.
Os manifestantes avançaram da praça até o viaduto Santa Tereza entoando palavras de ordem como “É terra! É terra! Para quem nela trabalha! […]” e “Pra Não Minerar a Serra do Curral, a Solução é a Luta, Luta Radical!”.
Entrevista com a Organize Seu Ódio (OSO)
“A gente tava sentindo falta dessa comunicação popular, porque o assunto tava numa bolha muito fechada, no academicismo vazio, pouco debate, todo mundo reclamando na internet.
Todo mundo tá vendo, tava chovendo cinza! Literalmente chovendo cinza, e não tava dando pra
respirar e ninguém fazendo nada! A gente resolveu tomar a atitude, formar esse grupo na internet, organizar e por em prática essa luta. […] A gente viu em assembleia, juntou geral, pra poder colocar em comum quais eram nossas pautas, até por ser uma organização horizontal, que não corresse o risco de ficar à direita. Então foi visto junto essa questão do Poder Popular, da Revolução Agrária, das grandes mineradoras, dos povos originários e a agricultura familiar, que é o caminho para vencer essa crise climática. […] Nossos atos tem sido uma coisa mais leve também, sem perder a direção da nossa luta, porque a gente entende que é tem uma necessidade de revolta, mas também que seja uma luta leve. Tem um pessoal do circo, uma coisa familiar, para que consiga organizar a população, par a que não fique preso num clichê de política quadrada, mas que seja da rua, de gente normal, da vida real.”
“A ideia nasceu de uma revolta mesmo, pela nossa crise climática e, todas as crises que nós vivemos hoje, a população pobre, a população de classe baixa vive, de moradia, de falta de acesso, mas, principalmente, veio à partir da crise climática, que não nos sentimos representados por ninguém, ninguém levantando essa pauta de maneira honesta sem querer usurpar da questão, e, vivemos hoje um período eleitoral onde os políticos estão se escondendo, tanto de direita quanto de “esquerda” (os que se dizem de esquerda). E a gente resolveu fazer uma questão popular, levantar a pauta popular através do que vimos em São Paulo com o Galo de Luta, e nós viemos puxar isso aqui em São Paulo”
As organizações, em entrevistas com o Comitê de Apoio ao AND- BH, ressaltaram ainda que
elevaram as manifestações, com o objetivo de conscientizar a população e avançar na defesa dos
povos indígenas, quilombolas e camponeses, assim como, em defesa do meio ambiente.