MG: Avança a luta combativa do povo de Ouro Preto contra a empresa Saneouro

MG: Avança a luta combativa do povo de Ouro Preto contra a empresa Saneouro

Trabalhadores de Ouro Preto definiram que não irão aceitar a instalação de hidrômetros nos bairros da cidade. Foto: CSDP

O povo de Ouro Preto conseguiu importantes vitórias na luta contra a empresa monopolista estrangeira Saneouro, que em conluio com a prefeitura busca privatizar a água da cidade.

Os moradores da cidade, mobilizados pelo Comitê Sanitário de Defesa Popular (CSDP) e demais associações de bairros, desenvolveram a estratégia de mobilizar os trabalhadores para impedir a instalação de hidrômetros da Saneouro nos bairros. Com isso, quando os carros e caminhões da empresa chegam em um bairro são prontamente expulsos pelos moradores.

Moradores se organizaram para expulsar a Saneouro dos bairros de Ouro Preto. Foto:  CSDP

A Saneouro já foi expulsa dos bairros Pocinho, Vila Aparecida, São Cristóvão e agora do Distrito de Santo Antônio do Salto. O CSDP tem desenvolvido a estratégia de formar comissões de luta por bairro e distrito e organizar o povo para se manter vigilante à chegada da empresa. No bairro de São Cristóvão, moradores bloquearam as quatro entradas do bairro com faixas contra a Saneouro e bandeiras do CSDP.

Moradores fecharam as entradas do bairro São Cristóvão para impedir a entrada dos carros da Saneouro. Foto: CSDP

No bairro Veloso, ao saber que a empresa iria instalar hidrômetros, a comunidade se organizou para fechar as entradas do bairro. A empresa tentou entrar e enfrentou a resistência dos moradores organizados que impediu a passagem dos carros da empresa. 

A luta contra a privatização da água cresce por todos os cantos da cidade com o apoio de todo o povo que está revoltado com a entrega da água para a sulcoreana GS Inima, proprietária da Saneouro.

A luta tem se espalhado por vários bairros e distritos onde o povo tem feito assembleias e decidido não aceitar a instalação dos hidrômetros. Segundo o contrato de concessão (privatização) da empresa com a prefeitura ela iniciará a cobrança das tarifas abusivas anunciadas em simulações entregues aos moradores quando completada a instalação dos hidrômetros em 90% das casas dos perímetros urbanos do município. A estratégia de luta aprovada pelo povo em reunião do Comitê Sanitário de Defesa Popular com representantes dos bairros e distritos é a de barrar a instalação para derrotar a privatização.

Moradores foram até a prefeitura para entregar uma carta contra a privatização da água na cidade de Ouro Preto. Foto: CSDP

No dia 26 de julho, Como parte da luta para a expulsão da empresa e para barrar o projeto privatista, uma comissão representando moradores de vários bairros e distritos de Ouro Preto junto ao Comitê Sanitário de Defesa Popular estiveram na prefeitura e na agência da Saneouro para entregar a 2ª carta do povo de Ouro Preto na qual comunicaram que o povo de Ouro Preto não aceitará a instalação de hidrômetros em nenhum lugar da cidade.

O Comitê tem realizado reuniões em vários bairros e distritos da cidade nos quais o povo tem decidido impedir a instalação dos hidrômetros. Deste modo,  a cidade inteira começa a se levantar contra a privatização da água.

Leia abaixo a 2° Carta do Povo de Ouro Preto 


Barrar a hidrometração para derrotar a privatização 

O povo de Ouro Preto em luta contra a privatização da água realizou diversas  reuniões em bairros e distritos e duas grandes manifestações demonstrando sua revolta e  sua firme decisão de lutar até o fim contra a entrega de nossa água – patrimônio do povo  – para o grande monopólio multinacional GS Inima. Água não é mercadoria e por isso  não deve estar nas mãos de uma empresa que terá lucro sobre ela! 

A privatização da água, em curso, é o resultado da política entreguista dos  sucessivos governos de turno e aprofundadas pelo governo militar de Bolsonaro e  generais expressa na aprovação do novo marco legal do saneamento básico no Brasil (Lei  14.026/2020). Política esta, seguida à risca pela gestão privatista de Júlio Pimenta e  apoiada por politiqueiros da direita, da falsa esquerda eleitoreira e representantes de  ONG’s presentes no COMUSA (Conselho Municipal de Saneamento), CODEMA  (Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental), Comitês de Bacias Hidrográficas  (Sub-comitê Ouro Preto e Itabirito) e por ex-funcionários do SEMAE (Serviço Municipal  de Água e Esgoto). 

O atual prefeito de Ouro Preto (Ângelo Oswaldo) que prometeu em campanha  tirar a Saneouro, até agora nada fez para barrar o processo de hidrometração e impedir a  privatização. O povo não pode esperar nada dele, já que foi justamente com a colaboração  e o desserviço dos ambientalistas acríticos do seu partido (PV) que o projeto de  privatização foi construído e aprovado na gestão de Júlio Pimenta. 

O povo de Ouro Preto não aceitará nenhuma proposta de “revisão de contrato”.  Qualquer revisão momentânea das tarifas só servirá para enganar e iludir o povo para que  aceite a privatização. As tarifas aumentarão anualmente, como previsto nas cláusulas do  contrato de concessão lesivo feito pela prefeitura a serviço da ganância e da lógica do  lucro máximo.  

Nossa luta é pelo fim da privatização porque a água é um direito básico da  população e não pode ser objeto de lucro e especulação financeira. O povo de Ouro Preto,  como no país inteiro, já paga altíssimos impostos, que nunca são revertidos em saúde,  educação e demais direitos básicos. Não é justo que tenhamos que pagar novamente por  eles! Portanto, nossa luta não é por uma revisão de contrato que promova qualquer  redução nas tarifas. O povo luta contra a privatização da água! 

Entendemos que a forma mais eficaz para derrotar a privatização é impedindo  imediatamente a continuidade do processo de instalação dos hidrômetros. O povo  organizado em reuniões e assembleias formou comissões de luta em cada bairro e decidiu,  democraticamente, não aceitar a instalação de nenhum hidrômetro na cidade. 

Comunicamos ao prefeito e à empresa Saneouro que a partir do dia 26/07/2021,  segunda-feira, nenhum bairro e distrito de Ouro Preto aceitará a instalação de  hidrômetros. Responsabilizamos o prefeito Ângelo Oswaldo por qualquer intercorrência 

advinda desta situação. Exigimos a imediata abertura de mesa de negociação entre  prefeitura e empresa, com prazo de finalização em setembro de 2021, para colocar fim ao  contrato e a exploração de nossa água pela Saneouro. 

Devemos lembrar que, se é uma verdade que o atual governo militar de Bolsonaro  tem aprofundado as políticas de privatizações e entrega de todas as riquezas do povo  brasileiro ao imperialismo e suas agências financeiras é igualmente verídico o fato de que  esta política tem uma longa história no Brasil e em outros países. Em toda a América  Latina, reformas nas legislações orientadas por empréstimos milionários e financiamentos  do Banco Mundial, BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), FMI (Fundo  Monetário Internacional) e outras agências do imperialismo, abriram o caminho e  impulsionaram as privatizações.  

Por trás dos imbróglios chamados de “governança”, “gestão participativa e  democrática”, presente nos comitês de bacias e órgãos criados pela legislação privatista, se esconde a diluição da fronteira entre o público e o privado e, ao fim e ao cabo, o  controle das grandes empresas monopolistas sobre a água, o minério e todas as nossas  riquezas. Ingênuos aqueles que acreditam no altruísmo ou nas boas intenções da  criminosa Vale/Samarco, da Jaguar Mining e do ambientalismo ongueiro financiado  pelos Bancos. A atuação dessas empresas e ONG´s dentro do comitê de bacia hidrográfica  do Rio das Velhas, garantiu a orientação privatista do plano municipal de saneamento  básico e a política municipal de saneamento (Lei 934/2014) que regulamenta a  privatização da água. 

Fora Saneouro, a água é do povo! 

Abaixo a Privatização da Água! 

Abaixo o governo militar entreguista e genocida de Bolsonaro! 

Viva a luta e resistência do Povo de Ouro Preto! 

Assinam esta carta: 

  1. Comitê Sanitário de Defesa Popular de Ouro Preto, Mariana e Região 2. Moradores do Bairro Pocinho 
  2. Moradores do Santo Antônio do Salto 
  3. Moradores de Santa Rita de Ouro Preto 
  4. Moradores de Rodrigo Silva 
  5. Associação de Moradores de Antônio Pereira 
  6. Associação de Moradores do São Cristóvão 
  7. Associação Comunitária Morro São Sebastião (ACOMOSS) 
  8. Associação Pró-Melhoramentos do Bairro Vila Itacolomi 
  9. Moradores do Bairro Lagoa 
  10. Associação Arte mãos e flores de Antônio Pereira
  11. Associação Mãos que Brilham de Antônio Pereira 
  12. Associação Clube do Cavalo de Antônio Pereira 
  13. Casa Escola Antônio Pereira 
  14. ASSUFOP – Associação dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da UFOP 16. SINASEFE-IFMG – Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação  Básica, Profissional e Tecnológica.
Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: