MG: Comunidade Canabrava segue ameaçada de despejo
Comitê de Apoio AND – Norte de Minas
A Comunidade Canabrava, em Buritizeiro, Norte de Minas Gerais, segue na mira dos ataques coordenados entre o latifúndio e o velho Estado com seu podre judiciário. Desde o mês passado, uma série de ataques têm sido perpetrados contra as 45 famílias que, apoiadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Buritizeiro, ocuparam, no ano de 2005, terras improdutivas da fazenda Canabrava, latifúndio que tem, ilegalmente, invadido terras da União às margens do Rio São Francisco.
Quando da ocupação em 2005, o INCRA iniciou as negociações visando à desapropriação da fazenda para fins de ‘reforma agrária’. Desde então, estas negociações seguem paralisadas. Há mais de 10 anos, as famílias plantam e pescam nestas terras e o que era um acampamento hoje é uma comunidade estruturada com fortes raízes na região.
No dia 18/07, a Polícia Militar do gerenciamento estadual de Fernando Pimentel/PT realizou um ilegal e criminoso despejo, destruindo as casas das famílias camponesas, mesmo com a liminar de reintegração de posse judicialmente suspensa pelo desembargador José Américo Martins da Costa. Esta ação criminosa da PM de Pimentel/PT preparou o terreno para que, dois dias depois, 20/07, um grupo de pistoleiros, comandados pelo latifundiário Adriano Pinto Coelho Gonzaga – neto e herdeiro de Breno Gonzaga antigo proprietário do latifúndio – invadisse a comunidade, ateando fogo e passando com trator em cima do que restava das casas e pertences dos trabalhadores. Desde então, as famílias e os seus apoiadores seguem sendo constantemente ameaçadas por estes mesmos pistoleiros.
No último dia 04/08, por volta das 11h00min, às famílias, apoiadas pelo Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), retornaram às terras de onde haviam sido violentamente expulsas. A retomada das terras no dia 04/08 foi acompanhada pela Promotora de Justiça da comarca de Pirapora, Clara Maria Hohene Sepúlveda. No entanto, absurdamente e para deixar ainda mais claro o caráter pró-latifúndio do podre judiciário, cerca de quatro horas após as famílias retornarem às suas terras, às 15h30min, a mesma promotora do Ministério Público retornou à comunidade informando que as famílias já não mais poderiam permanecer na área devido a um novo recurso judicial favorável ao latifúndio, anulando a suspensão da reintegração de posse.
É importante destacar que a situação das famílias da Comunidade Canabrava é acompanhada pela “Mesa de Diálogo” do “governo estadual”. O gerenciamento de Fernando Pimentel/PT sabia, desde o primeiro momento, da grave situação em curso, da vulnerabilidade e riscos impostos à comunidade e nada fez de concreto para impedir os anunciados crimes comandados pelo latifundiário Adriano Pinto Coelho Gonzaga. Pelo contrário, a covarde ação da Polícia Militar sob o seu comando, junto às ilegítimas decisões do podre judiciário, foram à senha para a ininterrupta sequencia de violências e arbitrariedades cometidas contra a Comunidade Canabrava em Buritizeiro.
Esta é uma situação emblemática do que tem se repetido por todo o estado de Minas Gerais com relação à “Mesa de Diálogo” criada por Fernando Pimentel/PT em 2015. Como no caso das famílias da Comunidade Baixa Funda, em Manga (ver http://www.resistenciacamponesa.com/noticias/809-pm-destroi-dezenas-de-casas-na-comunidade-baixa-funda), que, em março do ano passado, tiveram dezenas de suas casas destruídas por uma verdadeira operação de guerra da PM de Pimentel/PT, a despeito do “diálogo” em curso junto ao velho Estado.