Manifestação da comunidade Quilombola de Croatá-Januária, uma das assinantes da nota. Foto de 2016
Uma nota, assinada por 29 entidades, repudiou o súbito cancelamento das demarcações de terras de comunidades tradicionais nas barrancas do Rio São Francisco no Norte de Minas Gerais; a nota foi publicada no dia 5 de dezembro.
A nota foi assinada por quatro comunidades quilombolas da região, além de organizações de âmbito nacional como a Comissão Pastoral da Terra, o Movimento dos Atingidos por Barragens e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Os movimentos e comunidades denunciam que audiências marcadas no início do ano em cinco municípios diferentes da região – nas quais seriam discutidas diversas propostas de demarcação de terras para povos tradicionais – já foram canceladas duas vezes neste ano.
O cancelamento da última reunião, marcada para o início de dezembro, ocorreu “repetindo o mesmo ato desrespeitoso com as comunidades interessadas, baseando em argumentos incabíveis”. afirma a nota. As entidades acreditam que isso ocorre graças à pressão por parte de latifundiários e com a participação de prefeitos e deputados à soldo dos mesmos.
“Os mecanismos de violência e expulsão, utilizados por fazendeiros da região, contra as comunidades, são variados e vêm de longas datas, sobretudo, a partir da década de 1960, com os incentivos da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), quando os latifundiários foram apropriando-se das terras férteis de domínio da União na beira do rio.”, comenta a nota sobre a disputa pelas terras ao entorno do Rio São Francisco.