MG: Contra privatização e demissões, metroviários desatam greve em Belo Horizonte

Metroviários fazem assembleia antes da greve. Foto: SindiMetro-MG

MG: Contra privatização e demissões, metroviários desatam greve em Belo Horizonte

Os metroviários de Belo Horizonte realizam greve desde o dia 15 de fevereiro, exigindo a revogação do leilão do metrô de Belo Horizonte e contra o risco de demissões em massa. A greve alcança já cinco dias, apesar das punições e multas do judiciário reacionário contra o sindicato.

A categoria denuncia que a privatização do serviço – cujo leilão foi realizado em dezembro –  produzirá demissões em massa, uma vez que não foi proposto nenhum plano de estabilidade dos empregos. Estima-se que cerca de 1,6 mil metroviários serão demitidos.

Além disso, os operários decidiram por não operar com o mínimo exigido pelo velho Estado, apesar das ameaças da justiça do Trabalho e da Companhia de Trens Urbanos de Minas Gerais (CBTU-MG). As estações de metrô seguem fechadas durante a greve.

O judiciário reacionário já acatou a um pedido da CBTU-MG de bloqueio judicial imediato no valor de R$ 250 mil das contas bancárias do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (SindiMetro). O pedido foi determinado pelo desembargador César Pereira da Silva Machado Júnior, vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de MG.

O SindiMetro denunciou que, após a declaração de greve, a direção da empresa convocou e ofereceu vantagens para os trabalhadores que não participassem da greve. Além disso, diretores da CBTU-MG escalaram supervisores para conduzir as composições no dia 14/02, data em que deveria iniciar a greve, inclusive com trens acoplados, em clara ameaça aos grevistas.

Operários denunciam governo estadual e federal

Em nota, o SindiMetro afirmou que “não existe, para a categoria, mais tempo para tentativas de conversas intermináveis, é necessário o diálogo, mas com compromissos por escrito sobre o destino dos 1.600 empregados”. Os trabalhadores em greve também afirmam que “o governo federal e estadual assumiu o compromisso de alimentar com dinheiro público os empresários privados do setor, assim como fazem com as empresas do transporte rodoviário. Aliás, mesmo assim as empresas de coletivos são um péssimo exemplo para a mobilidade urbana: poluem, as passagens são caras e não têm compromisso com horários, inclusive reduzindo as viagens quando bem entendem.”.

Leia também: MG: Motoristas de ônibus em greve exigem salário digno

O sindicato denuncia, também, o novo governo de Lula, que “se comprometeu com os metroviários de barrar a privatização da CBTU, mas até agora não temos nada de concreto.”.

Operários lutam contra a venda do metrô desde o ano passado

Os metroviários de BH lutam com greves e outras ações desde 25 de agosto de 2022 contra a venda dos serviços, um dia após o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizar a abertura do edital para a sua concessão.

O leilão ocorreu em dezembro, quando o metrô de BH foi arrematado por R$ 25.755.111 pela empresa paulista Comporte Participações S/A. Antes do leilão, os metroviários de BH denunciaram a venda das estruturas e serviços por preços muito baixos, assim como o fato de que, após a privatização, as tarifas tendem a aumentar, os trabalhadores perdem os seus direitos, entre outros ataques aos direitos do povo. “Além das 35 composições, nós temos 19 estações, quatro subestações de energia, 29 quilômetros de leito ferroviário e as edificações ao longo do trecho. A CBTU está sendo oferecida a preço de banana”, afirmou o Sindimetro. 

Mais greve no transporte público 

Em 16 de janeiro, motoristas de ônibus realizaram uma greve em Belo Horizonte exigindo salários dignos e redução da jornada extenuante de trabalho. A máfia da mobilidade urbana de BH, a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), já recebia subsídios milionários da prefeitura, e mesmo assim se recusava a aumentar o salário dos trabalhadores e, se o fizesse, ameaçava aumentar o preço da tarifa para os passageiros (violando o acordo para os subsídios, que implicava em não aumentar o preço da tarifa). 

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