Na última segunda-feira (21), a Congregação do Instituto de Ciências Exatas (ICEX) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) decidiu, arbitrariamente, trancar as salas, impedir que os estudantes utilizem o espaço físico de suas entidades representativas legal e institucionalmente reconhecidas: seu Diretório Acadêmico (D.A.) e os Centros Acadêmicos (C.As) de todos os cursos.
Indignados com esse ataque ao direito à livre organização, dezenas de estudantes, de diferentes cursos começaram imediatamente a denunciar essa medida burocrática que, segundo eles, “se assemelha àquelas ocorridas durante o regime militar”.
Ainda segundo esses estudantes (que decidiram não se identificar): “a burocracia universitária no ICEX/UFMG se utiliza, ardilosa e premeditadamente, de fatos isolados e fora de contexto para atacar o movimento estudantil”.
Esses mesmos estudantes acusam a direção da instituição de utilizar como pretexto para seu autoritarismo acusações sobre supostos casos de “tráfico de drogas”, “estupros” e muito sensacionalismo junto ao monopólio da imprensa local e grupos bolsonaristas pelas redes sociais.
Conversamos com uma estudante chamada Maria (nome fictício) que deu o seguinte relato ao nosso correspondente:
“A fala do D.A. foi vetada durante a reunião. (…) Na quarta-feira (16/10) o diretor Francisco Dutenhefner, conhecido como ‘Chico’, se reuniu com todos os membros da congregação e apresentou todas as denúncias que existem contra o prédio.”
A estudante relata ainda que as denúncias não têm nenhuma relação com as entidades estudantis, sendo uma delas as festas que acontecem fora do prédio e demandas de responsabilidade dos administradores.
Maria afirma que “os únicos que não foram convidados para a reunião da congregação do prédio foram os estudantes, mesmo possuindo 5 cadeiras com a justificativa de que haveria ‘detalhes sigilosos’ que não iriam ser compartilhados com os discentes”.
O AND entrou em contato com o ICEX e solicitou o acesso a ata da reunião, em resposta a diretoria informou que não há ata aprovada e preferiu não se pronunciar sobre o caso.
Vários jovens com quem conversamos relataram que toda espécie de eventos como saraus, recepção de calouros, venda de sorvete, festival de açaí, etc. são sempre vetados pela direção e, quando permitidos, acontecem com enormes restrições e número reduzido de participantes, cerceando o direito à utilização do espaço público.
Sobre os casos de denúncias de assédio sexual Maria aponta para a responsabilidade da UFMG como instituição pública:
“Isso é uma realidade da UFMG. As mulheres da UFMG estão com risco de vida, com risco de serem estupradas, mas a grande preocupação dos professores é como isso mancha a imagem deles e da instituição, e foi dessa forma que os CAs e DAs acabaram fechados, porque estão empurrando a responsabilidade disso para nós! Mas, quem tem que garantir a segurança durante as férias é o Chico, é a diretoria!
O Correspondente Local de AND seguirá acompanhando os fatos.