Uma tubulação de mineroduto operado pela transnacional britânica Anglo American se rompeu e despejou minério no manancial que abastece o município de Santo Antônio do Grama, Região da Zona da Mata, e o leito do Ribeirão Santo Antônio. Cerca de três mil moradores foram atingidos e ficaram sem água.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o minério de ferro jorrando do duto rompido, por meio de um líquido negro que cai no Rio Santo Antônio. No corpo hídrico, por sua vez, as imagens mostram o leito num vermelho intenso, que escorre pelo rio, atravessando o município.
O incidente não se trata de uma fatalidade ou de um caso isolado. Apesar da Anglo American logo enviar um comunicado à imprensa afirmando que a mistura de minério de ferro com água não possui substâncias químicas ou tóxicas entre seus componentes, a lista de denúncias contra as ações da mineradora segue aumentando. Desde a instalação e a operação do projeto, o mineroduto, que percorre 525km do eixo Minas-Rio, provocou uma ruptura nas formas de viver dos moradores da região, com desapropriações, invasões e chegando a ser listado como a ação de mineração de maior impacto ambiental do país pelo Centro de Tecnologia Mineral, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
No processo de desenvolvimento do capitalismo burocrático nos países semicoloniais, se reservou um papel especial para a exploração da mineração, pois essa atividade se encontra amplamente dominada por monopólios transnacionais ou por grandes empresas de capital nacional/estatal, porém profundamente integradas à dominação imperialista, ou seja, realizam o trabalho duro da extração, mas deixam as etapas que agregam maior valor ao produto a cargo da exploração estrangeira.