Moradores protestam contra expansão de minas da Vale em Nova Lima, estado de Minas Gerais. Foto: G1
Moradores fizeram um protesto contra a expansão das atividades da mineradora Vale do Rio Doce na cidade de Nova Lima, na região metropolitana de Minas Gerais. O protesto aconteceu no bairro Vale do Sol no dia 25 de setembro. Os manifestantes carregavam reivindicações contra a empresa mineradora, rechaçando a prática assassina e terrorista de destruição de cidades inteiras.
Os manifestantes se reuniram por volta de 10h, numa praça próxima a Estação Ecológica de Fechos com cartazes e faixas com palavras e frases contra a Vale e contra a mineração na Estação Ecológica. Alguns dos dizeres eram: “Sua água vai acabar”, “Não cava”, “Deixem-nos em paz” e “Mar de lama nunca mais”.
A Vale visa ampliar a área de extração de minério próximo às minas Tamanduá e Capitão do Mato, atingindo assim a área da Estação Ecológica de Fechos, em Nova Lima. Projeto o qual os manifestantes se opõem.
Os moradores denunciam que tal expansão irá causar prejuízos gravíssimos à população da região de Belo Horizonte e de outras cidades da região metropolitana. A preocupação acontece pois dentro do parque ecológico existem quatro aquíferos de água potável que abastecem 300 mil pessoas.
“O que mais nos preocupa é a questão hídrica, pois a região conta com quatro aquíferos, o maior deles chamado Cauê. Eles abastecem metade dos moradores de Belo Horizonte e entorno”, disse Pedro Homem, um dos manifestantes.
Pedro também conta que a ação da Vale pode resultar na morte de nascentes e córregos e que a morte de um aquífero como o de Fechos é irreversível.
Outra preocupação dos moradores é o impacto que a expansão da atividade mineradora vai causar na fauna e na flora do local, que contempla espécies raras que só vivem ali e estão ameaçadas de extinção. A Estação Ecológica de Fechos também abriga 25 cavernas, sendo 4 delas consideradas de máxima relevância e 14 de alta relevância.
A Vale divulgou um relatório com o impacto ambiental que tal medida de ampliação das minas iria causar na região. O próprio relatório sobre o projeto, que está disponível no site da empresa, afirma que em 10 anos haverá interferência na vazão dos cursos d’água. O relatório também admite perda de áreas de floresta e campos, podendo haver perda biota e reflexo para espécies endêmicas, só encontradas na área. Contudo, os manifestantes denunciam que o relatório não detalha o impacto ambiental real da expansão.
O movimento Não Cava, principal organizador do protesto, divulgou informações de que caso sejam feitas as ampliações da mina Capitão do Mato e Tamanduá, a primeira ocupará uma área de 640 campos e a segunda ocupará uma área de 132 campos.
A proposta de ampliação foi enviada pela Vale para órgãos ambientais como por exemplo a Secretaria de Estado e Meio Ambiente e agora depende da autorização e licenciamento desses. Uma audiência pública sobre o tema será realizada no dia 28 de setembro.
Enquanto isso, os moradores da região metropolitana de Minas Gerais continuam na luta contra a expansão da mineradora que já causou centenas de mortes, destruição, despejos e demais atrocidades em Minas Gerais, como nos casos de Brumadinho e Mariana.
Faixa levada pelos manifestantes para alertar aos moradores sobre as consequências da expansão da minas da Vale. Foto: G1