No dia 12 de julho, trabalhadores de Belo Horizonte protestaram na Estação São Gabriel, região nordeste do município, contra as péssimas condições dos ônibus. Eles denunciaram os constantes atrasos, superlotação e estruturas precárias dos veículos.
O protesto bloqueou a saída de veículos da estação e tomou os arredores do local. Os manifestantes afirmam que o atraso na saída dos veículos é cotidiano e tem dias que chega a duas horas.
“Um descaso total. Não tem ônibus. Quando vem o ônibus, ele sai superlotado da estação. E quando o ônibus não para no meio da BR porque está estragado, o motorista avisa que a campainha não funciona, ou que não pode encostar na porta, ou que o ar condicionado não está funcionando. Nunca tem ônibus normal”, afirmou Marlucia Pardim, vendedora, ao monopólio de imprensa G1.
Uma outra passageira denunciou ao jornal local O Tempo que “Nunca tem ônibus o suficiente. Não é de hoje que esse problema ocorre. O povo está fatigado”.
Duplo ataque
Os problemas denunciados pelos passageiros são o resultado imediato da grave precarização dos serviços promovida pelos monopólios do transporte, com vistas ao aumento ainda maior dos superlucros. Lado a lado com a piora dos serviços (consequência de uma menor quantidade de ônibus nas frotas), e com os mesmos propósitos de aumento dos lucros, estão os sucessivos ataques aos direitos dos trabalhadores rodoviários.
Da mesma forma que os passageiros, os trabalhadores do transporte também se levantam contra esses ataques. No início deste ano, rodoviários de Belo Horizonte organizaram uma vigorosa greve por aumentos salariais, redução da jornada de trabalho e a reconquista e implementação de diversos direitos.
Enquanto passageiros e rodoviários enfrentam a deterioração de seus direitos, a prefeitura de Belo Horizonte segue a conceder benesses aos monopólios do transporte. Atualmente, as empresas do ramo estão sob regime de “remuneração complementar”, no qual a prefeitura direciona ainda mais verba para o suposto funcionamento do transporte coletivo.
Além disso, a Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou em maio deste ano um projeto de lei que autoriza a concessão de R$ 237,5 milhões às empresas de ônibus do transporte coletivo municipal. Por outro lado, não houve resposta da prefeitura às exigências feitas pelos moradores no recente protesto. A tendência, ao que parece, é a continuação das manifestações, sobretudo se passageiros e rodoviários aglutinarem-se em uma única e vigorosa mobilização na defesa de seus direitos.