Foto: Eduardo Magrão/A Nova Democracia
Em 21 de novembro, quatro dias antes de se completar dez meses do crime da Vale em Brumadinho, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou atos em Belo Horizonte (MG) com mais de 1,5 mil pessoas, mobilizando os atingidos pela lama de rejeitos da barragem do Córrego do Feijão, de Brumadinho até Pompéu.
A jornada de lutas teve início ainda pela manhã, quando os presentes compareceram na reunião extraordinária da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (Alemg), no bairro Santo Agostinho, para denunciar o descaso e entregar uma pauta de exigências. Uma delas é que a Vale dê o mínimo de condições para as vítimas do crime socioambiental que assassinou centenas de pessoas, sendo que mais de uma dezena ainda está desaparecida.
Em seguida os manifestantes seguiram até o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), na avenida Raja Gabaglia, bairro Luxemburgo, onde uma comissão formada por atingidos e representantes do MAB foi recebida para deixar suas exigências ao juiz da 6ª Vara, que ouviu as partes e, não havendo acordo, marcou nova reunião para o dia 28, para que a Vale apresente uma contraproposta.
A próxima audiência judicial (28/11) definirá também a respeito de uma reivindicação de urgência de Assessorias Técnicas para a bacia do Paraopeba para realizar estudos das áreas atingidas, e principalmente da água, que está causando problemas de saúde na região, sendo também uma demanda urgente dos atingidos.
Segundo o depoimento tomado de um apoiador do jornal A Nova Democracia que acompanha de perto a situação, “a Vale, além de assassina, dissimula um calote nas vítimas”. Continua: “Ela agora não quer reconhecer todas as pessoas, quer estudar e estabelecer critérios, tudo para não pagar o Auxílio Emergencial conforme o estabelecido e só atender as vítimas que foram atingidas diretamente, e no máximo os que viviam a um quilômetro de onde a lama atingiu”.
“Isso é um absurdo, pois, em vários pontos do entorno, quilômetros de distância foram atingidos, como foi o caso de Mariana, onde várias famílias não foram atingidas diretamente e sim pelos impactos das movimentações de máquinas e caminhões pesados, que abalaram as estruturas de suas casas”, afirmou.
Os estudos técnicos servem para provar que os impactos desse crime da Vale segue fazendo vítimas e, principalmente, envenenando as águas, que hoje não servem nem para os animais.
Os pescadores do Paraopeba estão sem condições de pescar e muitos viviam da pesca. Os atingidos, nesse dia de luta em Belo Horizonte, demonstraram firmeza e disposição e deixaram claro de que não abrem mão de lutar pelos seus direitos, pois a Vale fez centenas de vítimas e segue fazendo, sob a conivência desse velho Estado semicolonial, gerenciado por lambe-botas das grandes mineradoras, que exploram o país há séculos.
Foto: Eduardo Magrão/A Nova Democracia