“Nós não conseguimos respirar desde 1948”, diz o cartaz em inglês, referindo-se ao ano da “criação” do Estado sionista de Israel e às últimas palavras de George Floyd. Foto: Ofer Vaknin / Haaretz
Milhares de pessoas participaram de uma manifestação no dia 6 de junho que reuniu árabes e judeus na praça Rabin, em Tel Aviv, para repudiar o plano do colonialismo sionista de anexar territórios palestinos na Cisjordânia ocupada por Israel. O projeto foi anunciado pelo primeiro-ministro genocida Benjamin Netanyahu, em conluio com o imperialismo ianque, em abril.
Em meio a dezenas de bandeiras vermelhas e da Palestina flamejantes, a multidão entoava palavras de ordem rechaçando a ocupação sionista da Palestina, como Basta de ocupação! e A ocupação é terror e nada vai mudar isso!
Uma manifestante que se identificou como Eden declarou ao monopólio de imprensa Agence France-Presse que “em uma realidade de apartheid, não pode haver paz para nós nem para eles, nem justiça”, expondo que, enquanto o sionismo prevalecer, não será possível haver conciliação e igualdade para o povo palestino.
Palestinos presentes na manifestação inclusive atentaram para que, apesar de a manifestação ter acontecido em Tel Aviv, a cidade israelense trata-se, na realidade, da cidade palestina de Jafa que foi ocupada e anexada, mas que até hoje permanece tendo uma grande parcela da população palestina, e que, portanto, aquele não poderia ser considerado um protesto apenas de “judeus de esquerda”, como parte do monopólio da imprensa estava anunciando.
As massas gritavam também Iyad, Iyad, e novamente Iyad!, em memória de Iyad Hallaq, o jovem palestino com autismo que foi assassinado por forças da ocupação israelense em Jerusalém, no dia 30 de maio, e provocou uma onda de indignação e repúdio ao genocídio do povo palestino.
Os manifestantes também voltaram a dialogar com os levantes populares de massas que vêm ocorrendo no Estados Unidos (USA), desde o assassinato de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial branco. Fotos de Floyd foram levadas para o protesto, junto de fotos de palestinos assassinados pelas forças israelenses, e algumas placas foram erguidas com os dizeres Vidas palestinas importam!, em referência às manifestações estadunidenses.
Mesmo quando a hora prevista para o fim do protesto chegou, os manifestantes permaneceram na rua e bloquearam o trânsito da rua Ibn Gabirol, importante via nos arredores da praça. As forças da repressão reprimiram violentamente o protesto, tentando dispersar a multidão, e, em resposta, manifestantes atiraram garrafas e tinta contra a polícia.
Cinco pessoas foram detidas e um fotógrafo do monopólio de imprensa israelense Haaretz foi brutalmente agredido pela polícia enquanto tentava trabalhar. “Tentei filmar os policiais e eles decidiram me prender”, narrou o fotógrafo, Tomer Appelbaum, “um me deu um soco, um me deu um joelho e outro empurrou minha cabeça”.
Inicialmente, a polícia de Israel havia proibido o protesto de acontecer, porém devido à ampla adesão popular foi obrigada a voltar atrás na proibição. No entanto, um enorme aparato de repressão foi mobilizado e ficou no entorno próximo à praça durante toda a realização do ato.
MAIOR ocupação sionista de território PALESTINo DESDE 1967
Apesar de Israel já indicar suas intenções coloniais de expandir suas fronteiras sobre a Cisjordânia há algu
Em tempo, o projeto anunciado por Netanyahu só veio à público depois do imperialismo ianque divulgar a sua própria proposta de partilha colonial da Palestina em janeiro, o “acordo do século”.
De início, o “acordo do século” previa uma criação de um Estado palestino com duras perdas territoriais para os árabes, em comparação com os acordos de fronteiras estabelecidos em 1967, e conferia à Israel todas as áreas da Cisjordânia hoje ocupadas com seus colonatos criminosos, como no vale do rio Jordão, e ainda prometia soberania israelense sobre áreas ainda não ocupadas. No entanto, desde então as líderes coloniais israelenses se opuseram às condições delineadas no plano Trump, como a que prevê o congelamento temporário da expansão dos colonatos. Além disso, eles também têm recusado inteiramente a possibilidade de criação de um Estado palestino, ao que Netanyahu respondeu, tentando tranquilizá-los, afirmando que a anexação seria promovida independentemente do plano do USA.
Após tais oposições, o imperialismo ianque não apenas declarou que seguia de acordo com os planos de Israel, como enviou o secretário de Estado ianque, Mike Pompeo, à Israel no dia 13 de maio para dar apoio e estudar o projeto de anexação.
No dia 24 de maio, Rafi Peretz, ultrarreacionário líder do partido ortodoxo israelense Lar Judaico, publicou na internet uma foto uma foto do Conselho de Yesha (associação dos colonos israelenses nos territórios ocupados) observando um mapa da Palestina, junto da seguinte legenda: “O acordo do século tem partes muito perturbadoras. Iremos buscar a soberania com todas as nossas forças, mas em nenhuma circunstância permitiremos que qualquer Estado palestino seja estabelecido. Não se preocupem, o próximo mapa de discussão já estará na parede”.
Conselho de Yesha discutindo quais territórios palestinos devem ser saqueados por Israel. Foto: Bando de dados AND