Centenas de camponeses da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), entre o dia 27 a 29 de março sofreram ações ostensivas de despejo executadas por militares a mando do velho Estado em benefício do latifúndio. As famílias resistiram, realizaram protestos e parte delas seguem ocupando as terras. Os despejos ocorreram no município de Euclides Cunha localizado no estado de São Paulo e em Pato Branco no estado do Paraná. Ambas as ações ilegais de despejos, não respeitaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender despejos e desocupações em razão da pandemia até junho de 2022.
Viaturas entram em acampamento Carlos Marighella para efetuar despejo. Foto: FNL
Tratores são levados por militares para destruir acampamento camponês Carlos Marighella. Foto: FNL
Camponeses resistem a despejo no Acampamento Rosa Luxemburgo
No dia 27 de março, dezenas de camponeses atearam fogo em objetos para bloquear a estrada que dá acesso à PR-151. Esse foi um protesto contra o despejo de 50 famílias executado no mesmo dia no acampamento Rosa Luxemburgo. As famílias de camponeses ocupavam uma área de 15 hectares, um latifúndio pertencente ao velho Estado, na região do Jardim Carvalho, localizado no município de Pato Branco no Paraná.
Os camponeses durante o protesto também exigiam a liberação de Leandro Dias, dirigente regional da FNL que foi encaminhado para a 13ª Subdivisão Policial para “prestar esclarecimentos e responder sobre a ocupação” após a resistência das famílias contra a ação de despejo que ocorreu no acampamento.
O despejo ostensivo aconteceu respaldado pela prefeitura. Soldados da Polícia Militar (PM) e da Guarda Civil cercaram o acampamento com viaturas. As famílias resistiram à repressão policial durante a ação de despejo e proclamavam: “O povo unido jamais será vencido!”.
Leandro Dias afirmou que o local onde se encontra o acampamento Rosa Luxemburgo se trata de um latifúndio abandonado há décadas, que loteado poderia abrigar cerca de 700 famílias.
Zé Rainha, dirigente nacional da FNL afirmou que: “Nem todas as batalhas são vitoriosas. As batalhas perdidas devem servir de lição e aprendizagem”. Zé Rainha disse também: “Na luta pela terra não tem empate ou derrotamos os latifundiários, ou seremos derrotados por eles. Este é o caráter da classe”. O dirigente ainda concluiu que para derrotar o capitalismo, nessa luta se faz necessário uma aliança camponesa e operária.
Ação de despejo acampamento Carlos Marighella
No dia 29 de março, em benefício ao latifúndio, a prefeitura Euclides da Cunha acionou policiais militares que executaram despejo de 220 famílias camponesas e destruíram o acampamento Carlos Marighella, localizado na região do Pontal de Paranapanema, no estado de São Paulo.
Os policiais militares chegaram ao acampamento por volta das 7h45. Eles detinham tratores e ameaçavam as famílias camponesas afirmando que se até 12h30 ainda houvesse qualquer tipo de bem pessoal dos trabalhadores, tudo seria varrido e enterrado com as máquinas. Os policiais destruíram todos os barracos construídos pelas famílias.
O acampamento foi construído em dezembro de 2021 por dezenas de famílias que ocuparam uma área de 12 mil hectares do latifúndio, antiga fazenda Ponte Branca que pertenceu à Ênio Pipino, um dos colonizadores da região na década de 1940, conhecido pela perseguição violenta à camponeses e indígenas da região.
Segundo a FNL, “o morador atual dessa região é o avô do prefeito Nene Lopes (Republicanos), o que explica a pressa e truculência da prefeitura no momento de demolição das casas, e a resistência da distribuição dessas terras públicas para a reforma agrária”.