Segundo o jornal Brasil de Fato, o ministro dos Esportes de Luiz Inácio, André Fufuca, esteve envolvido em um esquema de venda de votos durante o processo eleitoral de 2018. Na época, o atual ministro, que foi alçado ao cargo após negociações de Lula com o centrão, ainda era parlamentar e reelegeu-se como deputado federal.
As evidências do esquema são diversas. Em outubro de 2018, a PF recebeu uma denúncia feita por um morador de Santa Luzia, cidade no interior do Maranhão, de que apoiadores de Fufuca estariam reunidos em torno de uma churrascaria com bolos de dinheiro para comprar votos. A aglomeração foi encontrada em uma das churrascarias do município, junto de carros com adesivos de campanha do parlamentar e do vice-prefeito da cidade, Juscelino da Cruz Filgueira Junior.
Em outra linha, mensagens encontradas em apoiadores de Fufuca comprovam o esquema. A maioria delas estava nos celulares de Marcus Sales e Caio Rubens Vieira, filho do empresário Francisco Vieira Silva, também suspeito de participar na compra de votos. Em uma das conversas entre Caio e Marcus, os agenciadores de Fufuca falam abertamente da compra de votos. “Cai atrás aí de uns ‘votinho véio’ de 30 conto, de 20, de 50”, diz Marcus, em um áudio. Em outras conversas, Caio negocia com compradores dos votos valores da venda, e chega a negociar um deles em troca de uma chuteira. É um exemplo clássico dessas relações básicas da farsa eleitoral, em que políticos aproveitam da situação de pobreza das massas e do descrédito do próprio sistema político para aliciar o povo ao voto em troca de bens básicos.
Outros políticos foram mencionados por Caio, como o então candidato a deputado estadual pelo PP, Hemetério Weba, e o candidato a senador do PDT, Weverton Rocha,
Cada vez mais…
Fufuca é o segundo ministro de Luiz Inácio envolvido em casos escancarados de corrupção. Antes da recente revelação, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), já havia sido investigado por esquemas de corrupção com emendas parlamentares na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Rio São Francisco e do Parnaíba (Codesvasf), empresa estatal entregue ao centrão ainda no governo Bolsonaro e mantida no governo Luiz Inácio.
Ainda que o caso de Juscelino Filho tenha sido divulgado logo em janeiro, Luiz Inácio o manteve no cargo com a promessa de que “se ele for inocente, ficará no governo. Se for culpado, sairá do governo”. As suspeitas sobre o ministro cresceram mês após mês ao longo desse ano. Já se sabe que Juscelino usou jatos da FAB para assistir leilões de cavalo em SP, escondeu da Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 2,2 milhões e, por fim, gastou cerca de R$ 10 milhões em emendas destinadas para a Codevasf para recuperar estradas que dão acesso a latifúndios de parentes. Sobre isso, Luiz Inácio ainda não tocou no assunto. Diga-se de passagem, o ex-ministro de Lula, Flávio Dino, agora terá contato estreito com o assunto, uma vez que herdará o processo de Juscelino de Rosa Weber, no STF.
Não surpreende que Lula esteja operando o silêncio cúmplice. Há pouco que ele pode fazer. Caso tire Juscelino ou Fufuca dos cargos, agravará a crise com o centrão (padrinho de ambos) e terá que substituí-los, inevitavelmente, por outros indicados da mesma laia, mas com uma relação mais desgastada. É o lamentável preço do “pragmatismo político” reacionário e as nauseabundas alianças e compromissos que dele derivam.