‘Minuta do golpe’ foi redigida sob acompanhamento direto de Bolsonaro

O tenente-coronel da reserva Mauro Cid revelou em delação premiada que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou diretamente na redação da chamada “minuta golpista”, escrita em 2022 pelo então assessor presidencial Filipe Martins.
Bolsonaro revisou conteúdo de 'minuta do golpe'. Foto: Adriano Machado/Crusoé

‘Minuta do golpe’ foi redigida sob acompanhamento direto de Bolsonaro

O tenente-coronel da reserva Mauro Cid revelou em delação premiada que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou diretamente na redação da chamada “minuta golpista”, escrita em 2022 pelo então assessor presidencial Filipe Martins.

O tenente-coronel da reserva Mauro Cid revelou em delação premiada que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou diretamente na redação da chamada “minuta golpista”, escrita em 2022 pelo então assessor presidencial Filipe Martins. A minuta continha um passo-a-passo para o desatar de uma ruptura institucional no País, e chegou a ser apresentada aos ex-comandantes das Forças Armadas reacionárias brasileiras. 

Segundo Cid, Bolsonaro realizou a revisão da nota e exigiu que a parte final do documento fosse alterada. Antes da revisão, o passo final era a prisão de uma série de figuras políticas opositoras a Bolsonaro. A correção limitou as prisões a Alexandre de Moraes. A revisão é mais uma comprovação da coordenação direta e ativa de Bolsonaro, como cabecilha, nas articulações de extrema-direita para um golpe precipitado e aberto. 

A especificação de Bolsonaro contra Moraes não foi à toa. Naquele momento, os dois elementos estavam engendrados em uma profunda pugna por conta das decisões de Moraes contra Bolsonaro, seus filhos e outros elementos que embarcaram nos planos de Bolsonaro, como o ex-chefe da PRF, Silvinei Vasques, que chegou a ser ameaçado de prisão por Moraes. 

Após as orientações do chefe, Martins alterou o documento, que foi por fim apresentado por Bolsonaro em uma reunião do ex-presidente com os comandantes das Forças Armadas reacionárias, no início de novembro. Na reunião, o ex-almirante da Marinha, Almir Garnier, foi favorável ao plano. Os outros dois comandantes preferiram ater-se ao plano do Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) de não precipitar a ruptura institucional, naquele momento. 

Pouco se sabe do destino da minuta depois, a não ser por um documento muito similar encontrado na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, em janeiro de 2023. Mesmo assim, a revelação da participação direta de Bolsonaro na redação do documento – mais precisamente, em sua revisão e palavra final – não é boa notícia para o capitão do mato, isolado e cada vez mais cercado pelas acusações que vão desde a corrupção escancarada até o próprio papel ativo no golpismo de extrema-direita. 

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