O povo indigena Kapinawá conseguiu suspender no dia o leilão de 126 hectares de suas terras no município de Buíque, no Vale do Catimbau (PE). O leilão seria promovido pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), para a construção de um Complexo Eólico.
Os indígenas se mobilizaram nos territórios Kapinawá, na Caatinga pernambucana, e no Acampamento Terra Livre, que desde o dia 07/04 reúne diversos povos indígenas em Brasília para protestar contra os ataques que vem sofrendo, em especial pela revogação imediata do “marco temporal”.
Em pronunciamento ao perfil do Instagram que veicula notícias do povo Kapinawá (@povokapinawaofc), o cacique Robério Kapinawá afirmou que seu povo está sofrendo cotidianamente com o avanço dos empreendimento eólicos, que cercam os moradores, forçando-os a se retirar.
A ideia do governo era de entregar 126 hectares para empresas de energia eólica. Os indígenas denunciaram o projeto como um ataque aos seus territórios, sua saúde e o meio natural.
Em um levantamento, os indígenas mostraram que a implementação de Complexos Eólicos promovem o aumento substancial do morticínio de aves e abelhas, fundamentais para a proliferação de plantas, além de danos à agricultura.
Um estudo promovido pela Universidade de Pernambuco (UPE) em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta segunda-feira (07/04), apontou que mais de 70% das pessoas que moram próximas a Usinas Eólicas em Pernambuco sofrem com algum tipo de perda auditiva e mais de 60% precisam de remédios para dormir.
Para os animais, o estresse também causa perdas catastróficas à manutenção dos rebanhos, diminuindo a produção de leite das vacas, levando porcos a se matarem e provocando o aborto e abandono de filhotes.
Em nota, os indígenas comemoraram a suspensão do leilão como resultado da ativa mobilização. Os camponeses da região também protestaram nas últimas semanas contra os leilões e pela retirada imediata das hélices já instaladas.
Mobilização ativa e a conquista de direitos
Essa não é a primeira vez que a mobilização dos pobres do campo resulta na suspensão de um leilão de terras no Agreste Pernambucano. Os posseiros moradores do Engenho Barro Branco, no município de Jaqueira, também conseguiram, através de protestos e outras mobilizações, cancelar leilões das terras em que eles vivem organizados para quitar dívidas do proprietário da Usina Frei Caneca, que funcionava na região e faliu no início dos anos 2000.