Na manhã do sábado dia 09/05, sabendo da anunciada visita do ministro da Saúde (ou doença?) ao Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), o Movimento Classista em Defesa da Saúde do Povo (Moclaspo), junto de outros coletivos, como o Fórum de Saúde do Rio de Janeiro e o Nenhum Serviço de Saúde a Menos, resolveram fazer um ato de rua, mostrando ao povo que é possível a insatisfação com a forma criminosa como o governo Bolsonaro/generais trata a saúde e deixam à míngua a rede federal de hospitais do Rio de Janeiro, onde centenas de leitos estão fechados por falta de pessoal e equipamentos. Que é possível se manifestar de forma diferente dos que não respeitam a vida e a ciência: com máscaras, distanciamento de 2 metros, óculos e álcool em gel.
Dispostos a denunciar os crimes de Estado do atual gerenciamento do fascista Bolsonaro, dos generais que o acompanham e do agente dos planos de Saúde, o ministro herr Teich (agora ex), dez profissionais e usuários da Saúde protestaram em frente ao HFB. Os presentes estavam representando muito mais trabalhadores que passam diariamente pelas dificuldades de trabalho sem Equipamentos de Proteção Individuais (EPI) e pelo povo trabalhador que está aguardando na fila por um leito.
Além dos jornalistas, foram chegando aos poucos quatro camburões e outras duas viaturas da Polícia Militar (PM). Parecia que se recebessem ordem de prender os manifestantes, a PM assim o faria, com a desculpa de manter o isolamento social que seus patrões não exigem que mantenham, nem na Supervia, nem nos ônibus da cidade. Pois de nada adianta o prefeito Crivella ter baixado decreto impedindo que as pessoas viajem a pé se as empresas reduziram a frota de ônibus. E ninguém fiscaliza e coloca ordem pública na conduta criminosa dessas empresas.
Além da PM, haviam diversos elementos “P2”, agentes de inteligência/segurança.
Os coletivos decidiram não dar entrevistas, a não ser que fosse ao vivo (única forma de evitar edição das falas) e optaram por um jogral. Num determinado momento, um policial, “educadamente”, perguntou quem seria “o responsável”, veio pedir os nomes dos manifestantes, apenas “para preencher o relatório”. O que foi, obviamente, negado.
Perseguição explícita
Por volta das 13h, embora o ministro ainda não tivesse aparecido, os coletivos decidiram que a tarefa já havia sido cumprida com êxito. Companheiros do Moclaspo, durante o retorno, perceberam que estavam sendo seguidos por uma viatura da PM “Bonsucesso Presente”, fato confirmado, inclusive pelo motorista do transporte. O carro em que eles estavam foi parado quando chegava na Leopoldina (bem distante de Bonsucesso!). A PM solicitou que o motorista saísse e solicitaram a sua documentação para comprovação de que era de aplicativo. Ele estava à paisana e foi reconhecido pelo motorista do Uber como sendo o mesmo fotografado pelo coletivo durante o protesto. Logo liberaram os ativistas, sem mais perguntas. Queriam nitidamente dar um recado. Recado esse que não dão para os elementos fascistas que pedem a volta da brutalidade do regime militar de 1964, e fazem aglomerações sem máscaras, sem distanciamento social, cuspindo na cara de quem os contesta. E o nosso recado aos genocidas dos governos também já havia sido dado, com o exitoso ato de protesto.
O ato teve muita repercussão em vários movimentos pela saúde do Rio, saindo até reportagem na imprensa monopolista. Isso foi um exemplo para os sindicatos da categoria dos funcionários do Ministério da Saúde que não se fizeram presentes; que na situação que a saúde pública passa, é possível usar a ciência a nosso favor e não se omitir de denunciar os desmandos dos governos a um público amplo e não apenas aqueles que seguem as redes sociais destes sindicatos.