Modi escala tensões com Paquistão e repressão na Caxemira depois de ação de grupo anti-ocupação indiana

Nos últimos anos, Modi aumentou a repressão e o nível da ocupação ilegal contra a Caxemira, impulsionando assim as ações anti-ocupação.
Foto: The Hindu

Modi escala tensões com Paquistão e repressão na Caxemira depois de ação de grupo anti-ocupação indiana

Nos últimos anos, Modi aumentou a repressão e o nível da ocupação ilegal contra a Caxemira, impulsionando assim as ações anti-ocupação.

O primeiro-ministro fascista da Índia, Narenda Modi, reduziu os laços e rompeu acordos com o Paquistão e prometeu elevar a repressão no território ocupado da Caxemira para encontrar os executores de um ataque que deixou 26 pessoas mortas nesta quarta-feira (23/04). 

Nas horas depois do ataque, a Índia fechou a fronteira de Attari-Wagah, principal passagem entre a Índia e o Paquistão, rompeu um acordo de uso das águas de rios que atravessam a Caxemira, cancelou vistos emitidos para paquistaneses, reduziu os funcionários da embaixada indiana no Paquistão e convocou o diplomata paquistanês na Índia. 

O ataque diplomático ao Paquistão se dá porque, embora Modi não tenha responsabilizado nenhum grupo pelo ataque, o primeiro-ministro acusa o país vizinho de financiar a luta anti-ocupação da Índia na Caxemira. 

O governo paquistanês negou qualquer envolvimento no ataque e acusou a Índia de “guerra de baixa intensidade”, dizendo também que “está pronto para proteger seu território”. Como forma de retaliação, o Paquistão suspendeu os vistos de cidadãos indianos emitidos pelo programa de Isenção de Vistos da SAARC, fechou o posto fronteiriço de Wagah, fechou o espaço aéreo para empresas indianas, suspendeu o comércio com a Índia, reduziu a equipe diplomática na Índia e considerou os conselheiros das Forças Armadas indianas no Paquistão como persona non grata.

A Caxemira é disputada pela Índia e pelo Paquistão desde o fim da colonização formal da Inglaterra sobre o território indiano, em 1947. O Reino Unido dividiu o território colonizado entre a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana, deixando também a Caxemira, que foi posteriormente dividida entre os dois países pela Índia. 

Os grupos armados que atuam na Caxemira indiana acusam a Índia de uma ocupação ilegal e exigem a independência do território ou a integração ao território paquistanês. Apesar da questão religiosa, o pano de fundo do conflito é econômico, pois o território caxemire é rico em depósitos minerais como carvão, calcário e gipsito, além de ter vastos recursos aquáticos.

O ataque do dia 23/04 foi reivindicado pelo grupo Frente de Resistência. O grupo foi formado em 2019 e já assumiu responsabilidades por outros ataques, como uma explosão com granada em Srinagar. “A TRF se posiciona como uma força de resistência política, nascida na Caxemira e para a Caxemira, contra forças ocupacionais ilegais, sem ter uma figura ou liderança jihadista centralizada”, de acordo com a ORF.

Além de elevar as tensões com o Paquistão, a Índia tende a aumentar repressão sobre o povo caxemire, justificando-a como luta contra o terrorismo. “Modi terá uma compulsão política muito forte, senão irresistível, de retaliar com força”, disse Arzan Tarapore, pesquisador do Centro de Segurança Internacional e Cooperação da Universidade de Stanford, ao monopólio de imprensa CNN. Ele comparou o cenário com a crise de Balakot, quando grupos militantes mataram 40 paramilitares na Caxemira ocupada pela Índia e o governo ocupante lançou ataques aéreos contra o Paquistão. 

Por mais que Modi culpe o Paquistão ou os grupos anti-ocupação pelas tensões, a verdade é que a opressão indiana está por trás da repressão e mesmo dos atentados – uma vez que, ao manter e mesmo escalar a ocupação do território caxemira, a Índia, e particularmente Modi, impulsiona também a escalada das ações anti-ocupação, inclusive por parte de grupos que miram civis. 

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Manifestantes arremessam pedras contra forças de repressão indiana em Sriganar. Foto: Danish Ismail/Reuters.
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O primeiro-ministro fascista revogou, em 2019, um estatuto da constituição indiana que dava autonomia a Jammu e Caxemira. Como consequência, Modi também implementou um toque de recolher, suspendeu a comunicação e perseguiu as liberdades democráticas. 

Em 2023, um jornalista caxemire que foi solto da prisão denunciou as torturas que sofreu em uma prisão indiana após ser preso sob a falsa acusação de “glorificar o terrorismo” e publicar “propaganda antinacional”. Ele relatou ter chegado a passar 20 dias em uma cela solitária de 1,8m por 1,8m, onde foi acometido por alucinações. Mesmo depois de ter sido libertado mediante fiança, Fahad Shah foi preso novamente, mesmo sem provas suficientes que pudessem enquadrá-lo como “terrorista”.

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