Ônibus foi incendiado por moradores tamanha foi a revolva contra a covardia praticada pelos PMs. Foto: Reprodução G1
Moradores do bairro Guaianases, na zona leste de São Paulo, protestaram contra o assassinato do trabalhador Rodney Batista, de 27 anos, no dia 25 de janeiro.
Os moradores fecharam a avenida Nordestina, por volta das 10h da manhã. Eles foram atacados e intimidados por policiais militares (PMs) que lançaram bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha. Em resposta os moradores incendiaram um ônibus.
Segundo testemunhas, Rodney que, era jardineiro, foi morto ao ser abordado pelos militares quando saia para trabalhar, no próprio condomínio onde morava com a família, localizado na mesma região.
O homem teria se assustado quando viu os policiais com uma fotografia dele em mãos e tentando acha-ló. Neste momento Rodney correu e foi alvejado na perna. Mesmo baleado ele conseguiu pular um muro e se esconder na casa de uma vizinha.
Em entrevista ao monopólio de imprensa Record, a vizinha em questão que, não quis ser identificada por medo de retaliações por partes dos policiais, relatou que “os policiais chegaram e mandaram todo mundo sair para fora e depois não deixaram mais ninguém entrar. Deram uns sete tiros, uma execução, sem chance de defesa, ele estava sem arma sem nada.”
Em nota a PM fala que foi até o local depois de uma denuncia de um roubo a um posto de gasolina e que na ação 2 suspeitos foram presos e um foi morto após uma troca de tiros.
Outro homem em entrevista durante o protesto disse “escutei ele falando me mata não, me mata não, escutei três tiros e depois mais dois, quando a mulher saiu desesperada falando que tinham matado ele dentro da casa dela.”
Os moradores se revoltaram ainda mais, pois ao fim da ação os policiais não chamaram socorro para Rodney e deixaram o rapaz agonizar por cerca de uma hora.
“Mataram ele a sangue frio à queima-roupa, ele não estava armado e não foi só um tiro, e ainda deixaram o cara lá dentro agonizando, totalmente negligentes, não veio resgate nenhum só mais viatura , falaram que o resgate tava vindo e depois quando ligaram relataram que não tinha nenhuma chamada lá” denunciou, Edinei Batista, irmão da vítima.
Familiares denunciaram também que os militares queriam pegar o registro das câmeras de segurança do local para destruí-las e limpar a cena do bárbaro crime. Porém os familiares de Rodney e moradores do conjunto habitacional impediram que os policiais destruíssem as fitas e as entregaram a Polícia Civil.
“Tá todo mundo revoltado porque era uma pessoa trabalhadora que ajudava ao próximo, o que podia fazer por você ele fazia, hoje foi o meu sobrinho amanhã pode ser os meus dois filhos” disse Milena dos Santos, tia de Rodney.
Wesley Batista, outro irmão de Rodney, disse que seus pais estão muito abalados e passando muito mal após o ocorrido, para ele o crime tem relação com o papel da polícia nesta sociedade ” injustiça, não tem o que falar, as filmagens estão mostrando a injustiça que a polícia praticou, só que pra eles é só mais um negro, eles não liga, meu irmão que tá no caixão minha família que tá sofrendo, uma safadeza o que eles fizeram.
Rodney era casado e deixou uma filha de três anos um enteado de seis.
Rodney Batista foi assassinado por PMs dentro do condomínio em que morava. Foto: Reprodução
Queima de ônibus como protesto contra a violência policial
Por diversas vezes moradores revoltados com a regular violência empregada por PMs contra populações periféricas, recorrem de forma justa ao protesto combativo com barricadas e veículos incendiados para se opor e enfrentar os militares que, por sua vez, estão armados até os dentes.
Em São Paulo, somente no ano de 2020, o próprio AND divulgou vários casos em que mediante a uma brutalidade cometida pela polícia, os moradores já extenuados da constante opressão diária, foram as ruas para demonstrar sua indignação contra o sistema que os faz a cada batida policial ver um filho, parente ou vizinho ser assassinado. Citaremos três casos:
No dia 31 de maio, dois ônibus foram incendiados por moradores do bairro Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo. os trabalhadores fizeram a ação como forma de protesto após um jovem ser morto por militares das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), na noite do dia 30 de maio.
No dia 15 de junho, moradores da Vila Clara, na zona sul de São Paulo, incendiaram dez ônibus, destruíram outros três, viaturas também foram destruídas e barricadas foram incendiadas. Até a tropa de choque da PM foi repelida por jovens enfurecidos por conta da brutal execução do jovem Guilherme Silva Guedes, de 15 anos, cujos assassinos foram policiais.
No dia 10 de agosto, seis ônibus foram incendiados, como protesto após Rogério Ferreira da Silva Júnior, de 19 anos, ser assassinado por policiais, quando passeava de moto pelo bairro Parque Bristol, no dia do seu aniversário.