Tropas francesas embarcam no Tonnerre, navio enviado pelo imperialismo francês para o Líbano. Foto: Banco de Dados AND
Uma matéria publicada pelo monopólio de imprensa The Wall Street Journal (WSJ) no dia 12 de agosto relata que, de acordo com altos funcionários do Estados Unidos (USA), o imperialismo ianque planeja impor uma série de novas sanções contra políticos e empresários libaneses, em um esforço de combater o Hezbollah, movimento xiita sediado no Líbano, e enfraquecer a sua influência, aproveitando-se do momento de fragilidade nacional em sequência à explosão no porto da capital Beirute em 04/08.
Oficiais ianques indicam que trata-se de enviar uma mensagem de que o Líbano “tem que mudar politicamente”, em meio ao contexto em que o país aceitou receber bilhões de dólares de “ajuda” internacional das potências imperialistas para reconstruir a sua capital, inclusive um total de 15 milhões de dólares do próprio USA, e cujo primeiro-ministro acaba de renunciar junto de todo seu gabinete, fato ocorrido no dia 10/08, após intensas manifestações.
“Autoridades” do governo do arquirreacionário Donald Trump declararam ao WSJ que, ao aplicar sanções contra pessoas “cuidadosamente selecionadas”, pretendem moldar o novo governo libanês e garantir que o Hezbollah perca sua influência na política nacional e regional e, por conseguinte, enfraquecer a influência do imperialismo russo sobre o país (influência que se faz sobretudo através do movimento xiita citado).
Leia mais: Sanha imperialista se traveste de ajuda internacional após explosão em Beirute
“Alguns de nós esperam poder finalmente tirar proveito da situação para sacudir as coisas entre as elites políticas locais”, declarou uma das fontes do governo ianque ao WSJ, escancarando abertamente seus interesses. “Parece-me que a indignação popular local simultânea e a pressão externa bem pensada podem forçar algumas grandes mudanças na forma como as elites fazem negócios politicamente, para não mencionar financeiramente, com o Hezbollah”, disse outra fonte citada na matéria.
De acordo com o WSJ, um dos alvos dessas sanções seria Gebran Bassil, ex-ministro das Relações Exteriores do Líbano e genro do atual presidente libanês, Michel Aoun, visado por apoiar o Hezbollah. “Gebran Bassil deveria ter sido sancionado anos atrás”, disse Jeffrey Feltman, ex-embaixador do imperialismo ianque no Líbano durante a gerência do ex-presidente ianque George W. Bush (2001–2009), em uma mensagem enviada para o WSJ.
O combate do imperialismo ianque ao Hezbollah é histórico: já em 1997 o grupo foi classificado pelo USA como “terrorista”, na época em que o movimento libanês lutava para expulsar vitoriosamente a invasão israelense do sul do país (cumprindo um papel progressista e anti-imperialista). Por conformar, junto do Irã e da Síria, um bloco próximo ao imperialismo russo, e também por atuar militarmente contra as agressões de Israel na região, o Hezbollah continua a ser um alvo dos ianques.
No mês de julho, antes mesmo da explosão acontecer em Beirute, o imperialismo ianque já havia renovado uma ordem que considera o Líbano em situação de “emergência nacional” por mais 13 anos, citando como justificativa o suposto envio de armamento do Irã para o Hezbollah. Essa ordem garante um embasamento judicial para que o USA imponha sanções contra a nação e indivíduos libaneses.
ENVIO DE TROPAS E NAVIOS AO LÍBANO
No dia 09/08, o imperialismo francês anunciou o envio do porta-helicópteros FS Tonnerree e um navio de carga para sua ex-colônia, o Líbano, além de ter programado o voo de três aviões para o país durante a semana, enquanto uma conferência internacional de “ajuda” ao Líbano é sediada na França.
O navio anfíbio Tonnerree, que já participou de exercícios de treinamento militar com fuzileiros navais ianques no passado, transportou um grupo de 350 engenheiros do Exército, um destacamento da Marinha francesa, helicópteros, equipamentos e veículos diversos, além de pessoal (civis) e insumos para serem doados.
Além disso, a Marinha do imperialismo inglês também enviou seu navio HMS Enterprise, com tropas das Forças Armadas do Reino Unido e equipes de civis, junto de uma “doação” de 5 milhões de libras para o Líbano.
“As forças imperiais acabam de iniciar a reocupação de Beirute, no Líbano”, denunciou Laith Marouf, ativista do Centro de Advocacia de Mídia Comunitária, sobre a chegada dos navios. Tudo isso ocorre no contexto em que o imperialismo ianque e seus parceiros de conluio realizam, em paralelo às suas doações pretensamente solidárias, ameaças e chantagens colonialistas contra a nação libanesa, exigindo que seu governo seja vassalo dos seus interesses e submeta-se à sua dominação.
Navio francês Tonnerre enviado para o Líbano no dia 10/08. Foto: Banco de Dados AND