Carlos Eugênio Sarmento da Paz, guerrilheiro da ALN. Foto: Banco de dados AND
No último sábado, dia 29 de junho, faleceu, na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, Carlos Eugênio da Paz, mais conhecido como “Clemente”, seu nome de guerra nos tempos de clandestinidade e de resistência contra o regime militar fascista.
Nascido em 23 de julho de 1950 em Maceió, Alagoas, Carlos Eugênio foi o último comandante da Ação Libertadora Nacional (ALN), assumindo a direção da organização após os assassinatos dos revolucionários Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira.
Dentre as inúmeras ações armadas em que participou, destaca-se a execução do industrial dinamarquês Henning Boilesen, um dos esbirros fascistas que financiavam a Operação Bandeirantes (OBAN). Carlos Eugênio foi o responsável pelo tiro de misericórdia em Boilesen, que, além do mais, era um sádico frequentador das sessões de torturas promovidas contra progressistas, revolucionários e patriotas nos porões do DOI-CODI.
A ação contra o industrial foi tema do filme Cidadão Boilesen, lançado em 2009 e que conta com o depoimento de Carlos Eugênio (links do trailer e do filme completo abaixo).
Carlos Eugênio também esteve próximo de executar o famigerado delegado Fleury, assassino de Marighella, acertando um tiro de raspão em seu nariz quando a ALN escapava de uma emboscada tramada pelo traidor José Anselmo dos Santos, mais conhecido como “Cabo Anselmo”.
Clemente teve sua mãe torturada (sem delatar ninguém) e sua companheira assassinada pela repressão em 1972 na porta de um restaurante na Mooca, em São Paulo. Passou anos no exílio e, voltando ao Brasil, trabalhou como músico, entre outras profissões.
Sobre os tempos de resistência contra o regime militar, Clemente disse:
“Fui agraciado pela valentia, pela dignidade dos companheiros que foram torturados pra dizerem onde eu estava – e muitas vezes eles sabiam – mas não disseram. Minha sobrevivência eu dedico a eles.”
“Sempre se torturou nesse país, sempre foi um instrumento de manutenção do poder. O Terrorismo de Estado aqui, não é novo.”
“A luta é a mesma porque a ditadura é a mesma.”