Símbolo da luta contra o envenenamento do agronegócio
Em 7 de setembro último faleceu Fabian Tomasi aos 53 anos, vítima de polineuropatia tóxica severa, resultado da sua exposição a venenos usados na agricultura. Ele tornou-se mundialmente conhecido a partir de 2014, quando o fotografo Paulo Piovano o retratou para sua obra O custo humano dos agrotóxicos, denunciando o lado obscuro do “agronegócio” no nordeste argentino.
Começou a trabalhar com os venenos em 2005 para uma firma de fumigação aérea. Sua tarefa era abrir as embalagens de produtos químicos, entre eles o glifosato, jogar o conteúdo em um recipiente misturando-o com água e, por uma mangueira, enviar para uma aeronave pulverizar os campos semeados de soja. Tudo sem proteção, sem informação dos riscos, em pistas improvisadas no meio dos campos e próximo ao alvo para baixar custos.
Dez anos atrás foi diagnosticada a sua doença que afeta parte do sistema nervoso, provoca perda de massa muscular e dores muito intensas nas articulações, limitando sua mobilidade, o impedindo até de levantar os braços. Além disso, não conseguia mais ingerir alimentos sólidos.
Fabian Tomasi foi um herói, pois em lugar de se recolher na sua doença e seu corpo destruído, esquelético, juntou forças para denunciar, principalmente o Estado, a Justiça e grande parte da saúde pública que atuam em cumplicidade. Muitas vezes foi ameaçado de morte por contradizer interesses do “agronegócio”. Participou de vários documentários, deu entrevistas, participou de passeatas, se deixou fotografar usando seu corpo como maior denuncia dos males do envenenamento do “agronegócio”.
Fabian Tomasi