No dia 10 de agosto de 2024 faleceu Tuíre Kayapó Mẽbêngôkre da Terra Indígena de Las Casas, situada no Sul do Pará. Aos 54 anos, ela foi vítima de complicações de câncer do útero.
Tuíre ficou conhecida internacionalmente por seu gesto de rebeldia, aos 19 anos, contra a construção de hidrelétricas no rio Xingu na década de 1990 pelo Eletronorte. Empunhando um facão na mão, ela o apontou para o rosto do então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, como um ato de confrontação ao grande projeto, à época chamado Kararaô.
Esse nome é uma errônea apropriação de um grito de guerra do povo Kayapó tendo que ser modificado para Belo Monte. A resistência indígena e da população da região conseguiu barrar a implementação do projeto.
Após 20 anos de luta, a usina foi inaugurada. E mesmo com todas as irregularidades, acabou por ser considerada maior obra do governo de Dilma Roussef (PT). É mais uma característica do seu legado antipovo, em específico, às mulheres e aos povos originários, às classes populares em geral.
Tuíre Kayapó foi a primeira cacica entre os caciques Kayapó, tornando-se respeitada liderança. Concedeu uma série de entrevistas que podem ser encontradas nas redes sociais, no Youtube. Até seus últimos dias de vida, esteve em luta, como pode ser visto sua combatividade nas falas contra o marco temporal em reportagem para o portal Reporter Brasil.
Em Marabá, seu legado de luta é lembrado e o Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará carrega seu nome.