Nos dias 20, 24 e 25 de abril, motoristas de aplicativo realizaram grandes manifestações no Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Dando continuidade à luta desenvolvida desde os anos de pandemia, os motoristas exigem redução nas taxas cobradas sobre o faturamento do motorista, que hoje variam em alguns aplicativos de 30% a 50% do total da viagem. Eles também exigem agora a isenção de impostos como o IPVA para os trabalhadores de aplicativo.
PE: Mais de 200 motoristas de aplicativos fazem protesto em Petrolina
No dia 24/04, cerca de 200 motoristas de aplicativo de empresas monopolistas como Uber e 99 realizaram um protesto e paralisação em Petrolina, no pátio de eventos Ana das Carrancas.
A categoria reivindicava o aumento da remuneração nas corridas e a redução da taxa cobrada pelos aplicativos. Em entrevista à rádio Ponte FM, o motorista Wellington Batista afirmou: “O que motivou essa parada de hoje é o fato das empresas Uber e 99 estarem brincando com nós motoristas, porque a taxa mínima que elas estão pagando ao motorista é R$ 5,50 e ela ainda cobra 35% em cima dos R$ 5,50. Então nós não aguentamos mais, porque compramos carro que tá caro, combustível tá caro, e a gente recebendo uma quantia pífia.”.
RS: Protesto reúne 280 trabalhadores de aplicativo em Porto Alegre
No dia 20/04, motoristas de aplicativos realizaram um protesto em Porto Alegre, saindo do Largo Zumbi dos Palmares, até a sede da Uber, na avenida Carlos Gomes. No documento entregue às empresas, os motoristas declaram: “Estamos cansados de trabalhar longas horas, colocar nossas vidas em risco e mal conseguir pagar as contas”.
Os trabalhadores gaúchos exigem um reajuste para, no mínimo, R$ 1,80 na tarifa pelo quilômetro rodado e R$ 0,30 por minuto de corrida, bem como o valor mínimo de R$ 10,00 nas viagens de até três quilômetros.
CE: Motoristas se manifestam em audiência exigindo direitos
Motoristas de aplicativos se manifestaram em uma audiência pública da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) no dia 25/04, às 14h, exigindo direitos para a categoria.
Há menos de um mês, no dia 28 de março, eles haviam realizado um protesto em frente ao edifício da Alece reivindicando a redução do ICMS nos combustíveis, a isenção de IPVA para os motoristas ativos nas plataformas de aplicativos e um programa de desconto de multas para motoristas de aplicativos.
E as taxas abusivas, para onde vão?
Plataformas como Uber e 99 exploram milhares de trabalhadores com taxas abusivas que podem retirar até 50% do valor das corridas. Enquanto isso, os motoristas são obrigados a tomarem conta da manutenção do próprio carro, do abastecimento com gasolina, com o pagamento das prestações dos carros comprados ou do valor dos carros nos casos em que são alugados, pagamento de impostos, entre tantas outras ações necessárias para que possam trabalhar diariamente.
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A rotina dos que trabalham exclusivamente nos aplicativos, não raro, chegam a 12 horas por dia. Tudo na tentativa de cumprir com as despesas e ainda tirar um valor extra que possibilite a manutenção de sua vida e de sua família. Tudo isso, sem qualquer envolvimento das empresas nas despesas, que afirmam que “não há vínculo empregatício” com os motoristas, ou qualquer benefício ou assistência do velho Estado e do governo de turno. Enquanto os primeiros sugam lucros astronômicos de corrida em corrida, os políticos reacionários e a “justiça” do país se eximem de qualquer culpa, ignorando a dura realidade dos 1,66 milhão de trabalhadores por aplicativo.
Ganhando bilhões de dólares em lucros, Uber e 99, nenhuma das duas empresas traz qualquer retorno ao país ou à sociedade diante da superexploração dos trabalhadores. A Uber, a mais conhecida, é uma empresa ianque (Estados Unidos, USA), enquanto a 99 foi comprada por um monopólio chinês. Trata-se de uma relação parasitária das empresas imperialistas com os trabalhadores brasileiros, onde os monopólios estrangeiros sugam o trabalho do povo enviando as remessas de lucro ao exterior.
Sobre isso, o velho Estado brasileiro nada faz, uma vez que depende desses monopólios e de seus “investimentos” para sobreviver e dar “segurança fiscal” às demais empresas imperialistas que aqui se instalam. Tanto o ex-presidente ultrarreacionário Jair Bolsonaro, quanto o atual presidente oportunista Luiz Inácio já realizaram promessas vazias à categoria dos motoristas e entregadores de aplicativo. O governo do ultrarreacionário Jair Bolsonaro chegou a prometer exigir das plataformas contribuição com a previdência dos trabalhadores. Já o ministro do trabalho Luiz Marinho, do governo oportunista de Luiz Inácio, enquanto fazia demagogia com os trabalhadores, disse às empresas que “não se assustassem”, pois sua proposta seria apenas trazer “proteção social” ao trabalhador.
De todo modo, a situação só piora dia após dia. Dizendo basta à essa situação, motoristas e entregadores de aplicativo se mobilizam em todo o país com manifestações e greves combativas, independentes e classistas.