Publicamos a seguir nota do Movimento Fagulha sobre a mobilização dos trabalhadores e estudantes de Foz de Iguaçu contra o roubo nas contas de energia elétrica.
Em Foz do Iguaçu/PR diversos trabalhadores, comerciantes e estudantes vêm identificando aumentos abusivos nas contas de luz. São diversos os relatos de pessoas que pagavam cerca de R$ 50 e agora estão pagando até R$ 350 a mais na conta. Não são poucas as reclamações dos moradores da região que estão buscando se organizar para construir uma luta contra essa aplicação desmedida, o que estão taxando como um verdadeiro “roubo” e, devido a isso, estão tendo que optar entre pagar as contas abusivas ou colocar a comida na mesa.
Há relatos inclusive de diversas pessoas que mantiveram o mesmo número de dispositivos elétricos em suas residências, mas que o consumo aumentou no “papel”, mas na “prática” não, como eles denunciam. Diversas faturas e dados estão sendo traçados em conjunto pelas massas em um grupo nas redes sociais. Fora os duvidosos aumentos de consumo no papel, foi identificado que em junho/2018 o valor do KW/h era de 0,66 e em dezembro/2018 estava 0,82 KW/h, ou seja, um aumento aproximadamente de 25% no valor da fatura.
O abuso que vem sendo aplicado pela empresa já supera os absurdos valores estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em junho de 2018, equivalente ao aumento médio de 16% nas tarifas.
A Companhia Paranaense de Energia (Copel) é uma empresa de sociedade mista, de capital aberto onde o que deveria ser um direito da população acaba por se tornar uma mercadoria, principalmente nas bolsas de valores de Nova York. Para exemplificar, caso semelhante foi o da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), empresa também de sociedade mista e capital aberto de fornecimento de água em São Paulo, cujo cerca de 50% pertence ao capital privado, onde em plena crise hídrica em 2012-2014 os investidores em Nova York estavam pulando de alegria com os lucros exorbitantes[1].
A situação em Foz do Iguaçu, como visto, não é exclusiva da região. Pelo país existem diversas empresas na mesma condição de parceria “público” e privado, onde em essência o povo paga a conta e quem fica com as benesses em sua maioria são os acionistas estrangeiros, pois sendo este Estado subjulgado pelo imperialismo, principalmente norte-americano, quase todos os recursos naturais já se encontram ao menos parcialmente na mão destes, como fica expressa nestas ditas “parcerias”.
Isso ocorre porque a lógica operante torna-se a da mercantilização e o que acontece é o aumento das taxas de lucro com o mínimo de investimento possível, porém quem paga esses lucros de acionistas estrangeiros são justamente os trabalhadores e trabalhadoras de nosso país.
O governador do estado do Paraná, Ratinho Junior, na época de campanha fazia críticas ao aumento de energia e, como podemos ver, assim como todos que participam da farsa eleitoral, já começa a cometer estelionato e não cumprir com sua palavra, se silenciando diante da situação. Outro ponto de indignação da população está no fato de que na cidade se situa uma das maiores usinas geradora de energia do mundo, a Itaipu, mas isso não se reflete no bolso dos trabalhadores. Boa parte da comunidade de Foz do Iguaçu é composta por trabalhadores da hidroelétrica e esses convivem com quedas de energias constantes, demora no reestabelecimento do direito e outros problemas decorrentes da gerência em prol dos lucros e não do povo.
Nós, trabalhadores e estudantes do movimento Fagulha, apoiamos a justa revolta do povo contra esses aumentos abusivos e reafirmamos que somente a luta é capaz de modificar as condições de vida. Além das medidas já tomadas como abaixo-assinados, manifestações, inspirando-se nos caminhoneiros, é necessário construir a Greve Geral como tática de luta afim de barrar os aumentos e a exploração do povo. Ter como prioridade e norte político que temos que retomar tanto os nossos recursos que pertencem as classes populares, mas que são vendidas para grande burguesia principalmente estrangeira, assim como nossas terras que hoje estão na mão de grandes latifundários e fazendeiros que pouco se importam com o país e o povo desta nação.