Ativistas comemoram os 20 anos de AND em Dourados (MS). Foto: Banco de dados AND
Com elevado espírito de luta, o Comitê de Apoio de Dourados (Mato Grosso do Sul), realizou uma celebração dos 20 anos do jornal A Nova Democracia. A atividade ocorreu no dia 22 de outubro, na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O comitê de apoio debateu como tema da celebração as chacinas ocorridas na cidade, com destaque a importante resistência indígena empenhada no MS, frente aos ataques criminosos do velho Estado a mando do latifúndio. Na sala, foi estampada a frase Viva os 20 anos do jornal A Nova Democracia!.
A atividade foi aberta com as saudações do comitê de apoio à imprensa popular e democrática, o jornal AND, que nas últimas duas décadas assumiu firmemente a tarefa de propagandear a luta revolucionária no Brasil e no mundo, sustentando-se apenas com o apoio das massas populares. Em seus 20 anos, o AND contribuiu não apenas com a agitação em defesa dos interesses de operários, camponeses e intelectualidade progressista, como também foi importante instrumento de politização, sempre se mantendo firme em sua linha editorial. Por isso mesmo, o AND esteve à frente na cobertura das jornadas de junho de 2013, assim como sempre defendeu de forma contundente a luta pela terra, e tem dado luz às massas acerca da situação política nacional e internacional. Neste sentido, ressaltou-se o caráter da farsa eleitoral em mais uma edição, destacando que apenas a revolução nos dará uma nova política, nova economia e nova cultura.
Após a fala, os presentes assistiram vídeos sobre a opressão que o povo tem vivido no campo e na cidade, com inúmeras chacinas, assassinatos e despejos violentos, sendo isso parte da guerra civil reacionária contra o inevitável levante das massas, que resiste e persiste em sua luta independente, classista e combativa. Entre os vídeos, destacou-se a imagem de indígenas colocando para correr seguranças do latifúndio (pistoleiros) após a tentativa de reintegração de posse ilegal da retomada Guapoy Mirim.
Ativistas comemoram os 20 anos de AND em Dourados (MS). Foto: Banco de dados AND
No debate, os representantes do Conselho Aty Guasu (grande assembleia Guarani-Kaiowa) Valdelice e Natanael saudaram os 20 anos do AND, relembrando algumas coberturas que o jornal fez da luta indígena no MS. Relataram a experiência dos Guarani-Kaiowa e sua luta contra inúmeros crimes do latifúndio em conluio com o velho Estado, que neste ano assassinaram 4 indígenas: Alex Lopes, da TI Taquapiri (Coronel Sapucaia); e Vitor Fernandes, Márcio Pereira e Vitorino Sanches, de Guapoy Mirim (Amambai). Além dos assassinatos, foram relatadas várias outras formas de ataques as populações indígenas, principalmente, aquelas que estão nas retomadas: atropelamentos, envenenamentos, ameaças de morte, estupro das mulheres, queima de casas de rezas, prisões arbitrárias, etc. Contudo, ficou nítido que o aspecto da luta é o principal, pois todas essas tentativas não paralisam a luta indígena contra o latifúndio. Ao contrário, apenas fortalece a necessidade dos guerreiros e guerreiras redobrarem sua organização frente a total falência do “Estado democrático de direito”. Ao fim, os representantes novamente reforçaram o papel dos apoiadores nesta luta, em especial o jornal AND, dizendo que “precisamos fazer o papel falar”.
As organizações presentes tomaram parte no debate. O Comitê de Apoio a Luta dos Povos Indígenas (Calpi) apresentou alguns dados que evidenciam a existência de uma ofensiva contra as massas, mostrando que essa situação dos indígenas não é particular, senão é parte das tarefas da reação de impulsionar o capitalismo burocrático, garantindo o roubo de terras ao latifúndio, com o famigerado Marco Temporal, e centralizar ao máximo o poder nas mãos do Executivo, vide o decreto 11.226 que joga de vez a Funai no colo das Forças Armadas, além de reprimir o inevitável levantamento das massas, que frente a crise avançarão na luta pela retomada de seus territórios tradicionais. O Comitê Socorro Popular em sua intervenção ressaltou como a violência também ocorre nas periferias da cidade, trazendo relatos e imagens do trabalho realizado em ocupação urbana de Dourados, como forma de mobilização das massas, frente a crise.
Ativistas comemoram os 20 anos de AND em Dourados (MS). Foto: Banco de dados AND
A Alvorada do Povo reafirmou o compromisso do movimento estudantil em apoiar decididamente a luta das massas, em particular o Guarani-Kaiowa, realizando atividades de apoio entre os estudantes. A ExNEPe falou da necessidade da universidade derrubar seus muros e servir ao povo no campo e na cidade. O representante da Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta (Abrapo) defendeu o direito de o povo lutar por seus direitos, ressaltando o papel que o AND tem não apenas na defesa dos direitos do povo, como também, na contribuição científica, inclusive ao campo jurídico.
Todos os presentes ressaltaram a importância do A Nova Democracia para o movimento popular, além da necessidade de seguir brigando pela existência da imprensa popular e democrática. Com espírito de luta redobrado, a celebração se encerrou com Conquistar a terra, hino da Revolução Agrária.