No dia 13 de novembro, duas crianças da etnia Kinikinau, de sete e nove anos cada, foram atropeladas por uma caminhonete branca na Terra Indígena Cachoeirinha, no Mato Grosso do Sul. O atropelamento é considerado pelos indígenas como um atentado a mando dos latifundiários da região.
As crianças estavam andando de bicicleta na estrada que liga o Miranda à Cerâmica e fica em frente à Comunidade Mãe Terra, onde ambas as crianças residem. Segundo nota do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), as crianças não sofreram fraturas, mas ficaram com ferimentos nos rostos, braços e pernas.
Em entrevista concedida ao Cimi, uma liderança indígena dos Kikinau afirma que o atropelamento foi “um atentado contra os povos indígenas da região” e que seu objetivo era a intimidação. “Os fazendeiros locais fazem questão de passar com os carros no limite da estrada que liga Miranda à Cerâmica. Eles passam xingando e já atropelaram até cachorros que vivem na TI Cachoeirinha. Mas, agora o cenário de violência está cada vez mais crítico.”. Segundo os indígenas, o motorista da caminhonete branca que atropelou as crianças sequer se deu o trabalho de parar para socorrê-las.
Segundo o Cimi, existem precedentes de atentados de latifundiários contra indígenas por meio de atropelamentos. As terras indígenas, localizadas normalmente à beira de estradas, sofrem constantemente com esses atentados que, de acordo com o Cimi, foram 19 casos com 22 vítimas, delas 21 acabaram falecendo. Pelo menos três das vítimas fatais foram no estado do Mato Grosso do Sul.