Os tekohas Guapoy, Jeroky Guasu e Pindo Roky, no município de Caarapó, sul do Mato Grosso do Sul, estão ameaçados de despejo pela Polícia Federal. Os guarani e kaiowá anunciaram que pretendem resistir às reintegrações de posses. O prazo para o cumprimento dos mandados de reintegração de posse já foi ultrapassado, podendo ocorrer a qualquer momento.
“A comunidade não vai abrir mão de nenhum pedaço desse território. Medo a comunidade não tem. Depois da perda dos nossos parentes e os outros sete que derramaram seu sangue no massacre, a comunidade tá bem preparada para enfrentar o que for. Ela não vai abrir mão de Dourados Amambaipeguá I, está pronta para o que for”, frisou Kunumi Apyka’i Rory em entrevista ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
O mandado de reintegração de posse contra as famílias do tekoha Jeroky Guasu foi expedido em benefício do latifundiário José Odonel Vieira da Silva. O tekoha Guapoy é ameaçado por mandado favorável a empresa Penteado Participações e Investimentos Ltda.
Já os guarani e kaiowá do tekoha Pindo Roky estão sendo ameaçados de despejo por mandado de reintegração de posse em favor do latifundiário Orlandino Carneiro Gonçalves, pretenso proprietário da fazenda Santa Helena. Ele é réu confesso no assassinato do guarani e kaiowá Denilson Barbosa, de 15 anos, em 2013.
As duas áreas formadas a partir de retomadas do território tradicional dos guarani e kaiowá integram a Terra Indígena Dourados Amambaipeguá 1 – uma área de 55,6 mil hectares que engloba terras sobrepostas de 87 fazendas nos municípios de Amambai, Caarapó e Laguna Carapã – e se situam próximo a Reserva Indígena de Caarapó.
Nas últimas décadas, os guarani e kaiowá vêm avançando no processo de retomada do seu território tradicional, que foi sendo expropriado ao longo dos séculos e resultou no confinamento dos indígenas em reservas ou em acampamentos, normalmente as margens de estradas.