Na madrugada do dia 13 de setembro, indígenas da etnia Guarani-Kaiowá foram atacados por pistoleiros na retomada do tekoha Avae’te, localizado na Reserva Indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Ao menos dois adolescentes indígenas ficaram feridos durante a incursão dos pistoleiros, que atacaram as aldeias com espingardas calibre 12. A Reserva Indígena de Dourados (com mais de 3,5 mil hectares) e que abriga mais de 20 mil indígenas das etnias Guarani-Kaiowá e Terena, é considerada a maior do país e sofre constantes ataques e ameaças do latifúndio local.
No mesmo dia dos ataques às aldeias Bororó e Jaguapiru, indígenas Guarani-Kaiowá realizaram um protesto e fecharam a rodovia MS-156, entre Dourados e Itaporã, no leste do estado. Barricadas com troncos de árvores e pedras foram montadas pelos manifestantes.
Ataques do latifúndio à Reserva Indígena de Dourados são sistemáticos
Segundo relatório do Observatório da Kuñangue Aty Guasu, ao menos 16 ataques foram registrados entre agosto de 2021 e agosto de 2022 contra a retomada, com torturas, assassinatos e destruição e queima de casas e lavouras. No ano de 2023, essa prática persiste com a vista grossa do velho Estado.
O ataque mais recente é o terceiro ataque em um mês na mesma localidade. No domingo, 10 de setembro, um líder indígena foi ferido a tiros em uma emboscada, após denunciar as ações dos pistoleiros à polícia civil. Já no dia 14 de agosto pistoleiros a mando do latifúndio local invadiram as aldeias da retomada do tekoha Avae’te e incendiaram cerca de seis casas, atiraram contra os indígenas e destruíram suas plantações.
Nos dias 15, 16 e 17 de agosto, indígenas Guarani-Kaiowá do tekoha Avae’te foram atacados por pistoleiros que incendiaram suas casas e promoveram toda sorte de terror. Indígenas relatam que os pistoleiros denunciaram a atuação do latifúndio que, com máquinas colheitadeiras, destruíram barracos e roçados dos indígenas.
Em 10 abril deste ano, a tropa de choque da PM do Mato Grosso do Sul promoveu uma operação de guerra contra os indígenas que lutavam pela retomada de suas terras, que seriam transformadas em um condomínio de luxo. Os indígenas denunciam que a empreiteira multimilionária Corpal Incorporadora é a responsável pelos ataques e pela construção do condomínio. Na ocasião, mais de 10 indígenas foram presos. A mesma tática dos pistoleiros, de incendiar casas e promover terror, deixou mulheres e crianças ao relento durante a madrugada, foi utilizada pelos policiais. Em fevereiro também foram notificadas ações de pistolagem na área.