Leonardo de Souza, idoso Guarani e Kaiowá preso injustamente durante uma invasão da Força Nacional em seu território em 2016.
Em 13 de dezembro de 2018, agentes da Força Nacional de Segurança invadiram violentamente a reserva Guarani e Kaiowá Tey’i Kue, em Caarapó, Mato Grosso do Sul. Durante o ataque os agentes lançaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, e prenderam um indígena.
O indígena preso, Leonardo de Souza, de 59 anos, foi levado para a sede da Polícia Federal, em Dourados, e denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por “tortura de policiais, cárcere privado qualificado, roubo qualificado, sequestro, dano qualificado e corrupção de menores”.
Leonardo é pai do jovem líder indígena e agente de saúde, Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, guarani assassinado enquanto lutava para defender sua terra no chamado Massacre de Caarapó, ocorrido em 14 de junho de 2016, quando caminhonetes do latifúndio tripuladas por dezenas de pistoleiros acompanhados por cavalos, motocicletas e um trator invadiram a Terra Indígena (TI) Dourados-Amambaipegua I, hoje conhecida como tekoha Kunumi Poty Verá, localizada no município de Caarapó e abriram fogo contra os Guarani-Kaiowá que reocupava junto a outros 300 indígenas o território chamado de tekoha Toro Passo.
Após dois anos de sua injusta prisão e em meio à pandemia, o indígena, que é idoso, diabético e vive um quadro depressivo ainda espera a análise do pedido de Habeas Corpus (HC) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Os latifundiários e seus capachos seguem impunes
Devido ao Massacre de Caarapó ocorrido em 2016, os latifundiários Dionei Guedin, Eduardo Yoshio Tomonaga, Jesus Camacho, Virgilio Mettifogo e Nelson Buainain, foram brevemente detidos em agosto daquele ano. Atualmente todos eles agora respondem em liberdade.
Os agentes da Força Nacional que ameaçaram “destruir o resto dessa família” (fazendo referência ao assassinato de Clodiodi) ao invadir em 2018 a Tey’i Kue e levar Leonardo preso, também não foram punidos.