Uma mulher de 30 anos foi sequestrada, espancada e torturada pelo seu ex-marido, em Anastácio, a 128 quilômetros de Campo Grande (MS), na véspera de natal. O agressor não aceitava o término do relacionamento. A relação durou 6 meses e foi rompida há duas semanas.
No boletim de ocorrência a mulher descreveu o período em que passou em posse do agressor. No dia do ocorrido, a mulher atendeu a um chamado seu alegando que ela deveria buscar pertences pessoais na casa. Chegando no endereço, o homem de 40 anos estava embriagado e teria começado as agressões.
Ainda de acordo com o relato, por volta das 11h30 ele arrancou as roupas da mulher e começou a torturá-la com uma faca, fazendo cortes nas mãos e pés, dizendo que ela “merecia sentir dor e sofrer”. Com a casa trancada para que ela não fugisse, deu socos nas costelas, rosto e cabeça.
A mulher conseguiu escapar depois de 8 horas sofrendo agressões, entrou seminua e ferida na casa de uma moradora da cidade que a acolheu e prestou ajuda.
Casos de agressão doméstica à mulher têm sido cada vez mais frequentes nos últimos anos. Uma vez que o matrimônio dentro desta velha sociedade reflete a lógica de propriedade privada (na qual o homem, por ser em geral mantenedor do lar, tem domínio sobre a mulher), os momentos de crise econômica e de miséria fazem agravar os conflitos domésticos. Segundo analisou o artigo Medida protetivas: o velho Estado não pode assegurar a vida das mulheres, “daí e de tantos outros fatores, como a própria dinâmica e pressão exercida pela ideologia burguesa sobre a mente dos homens do povo (a concepção burguesa de que a mulher é sua propriedade privada), surgem os antagonismos nas relações entre homem e mulher, nas relações matrimoniais, que levam ao crescimento do feminicídio”.
Segundo o Movimento Feminino Popular, a única forma de resolver o problema da violência doméstica, cuja raiz está na própria sociedade, é, a curto prazo, “elevar a consciência das classes exploradas, das mulheres e homens, sobre a quem serve a opressão sexual da mulher, que não raro chega à violência física doméstica” e, a longo prazo, o fim do capitalismo.