Protesto em frente a sede da Energisa em Dourados. Foto: Flávio Verão
Nos últimos meses, os moradores de Dourados, no Mato Grosso do Sul, foram surpreendidos com o enorme aumento da conta de luz. Não houve morador que não tenha se espantado quando apareceu o valor da conta recebida em casa.
Mariza Ferreira, proprietária da pequena empresa ‘Fábrica de Eventos’, conta que, enquanto antes pagava R$ 680, hoje paga a extravagante cifra de R$ 1,9 mil, um aumento de quase 300%. A empresa afirma que não há qualquer problema nos medidores de consumo e tenta justificar o assombroso aumento alegando que a razão é o uso constante e amplo de ar-condicionados por conta do calor.
No entanto, a justificativa apresentada pela empresa não convence e não condiz com tamanho aumento da tarifa, segundo os moradores. “Um colega meu, dono de um consultório, teve sua conta de energia elevada de R$ 2,5 mil para R$ 6 mil! Ele não sabe de onde tirará dinheiro para saldar a dívida”, denuncia Mariza, que organizou um movimento contra os elevados preços – ela e uma multidão de outros moradores realizaram um protesto há um mês, no dia 25 de janeiro, obrigando a empresa a dar explicações.
O movimento, surgido de forma independente e espontânea, sem ligação com partidos eleitoreiros ou políticos, já tem repercussão inclusive em outra cidades. Em Caarapó, cidade vizinha de Dourados, um morador, revoltoso da mesma forma com o aumento, resolveu, por conta própria, gravar uma mensagem na rádio e sair pela cidade em um carro de som denunciando o aumento e chamando a população a não pagar a conta.
Energisa em busca de lucro máximo
A empresa Energisa, um dos principais grupos privados do setor elétrico do Brasil, atua não somente no Mato Grosso do Sul, mas também em outros oito estados, como Paraíba, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Tocantins, Paraná e São Paulo.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e Comércio de Energia no estado do Mato Grosso do Sul (Sinergia-MS), dados do relatório financeiro do grupo apontam que a Energisa-MS registrou lucro líquido de R$ 115,5 milhões nos primeiros nove meses de 2018, o que representa aumento de 96,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Como denuncia o sindicato, apesar de todos esses fabulosos lucros máximos, a empresa segue uma política de arrocho salarial para com seus funcionários e desprezo aos inúmeros acidentes de trabalho que ocorrem devido às condições de trabalho impostas.
O presidente do Sinergia-MS também posicionou-se a favor dos protestos contra o aumento exorbitante do preço da energia impulsionado pela Energisa para extrair mais lucros às custas do salário dos trabalhadores e dos pequenos negócios.