Dezessete trabalhadores da saúde indígena do Polo Base de Dourados, localizado no Mato Grosso do Sul, foram demitidos em meio a pandemia e três aguardam finalização de processos internos.
Segundo denúncias divulgadas pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) as demissões são arbitrárias e as perseguições no setor tiveram impulso quando o Ministério da Saúde, chefiado pelo general Eduardo Pazzuelo, nomeou o militar coronel da reserva, Joe Saccenti Júnior, ao cargo de coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Mato Grosso do Sul.
De acordo com as denúncias, qualquer profissional da saúde indígena que comente ou questione as decisões tomadas pelo DSEI recebe advertência e/ou demissão, estas ações têm ocorrido principalmente contra os trabalhadores indígenas que atuam na saúde indígena.
Entre os demitidos consta a enfermeira Indianara Kaiowá, coordenadora técnica do Polo Base que esteve na linha de frente do atendimento a indígenas infectados.
O Polo Base da cidade de Dourados atendeu os primeiros casos de infecção pelo vírus entre os povos Guarani e Kaiowá. Durante a fase mais crítica da pandemia, a unidade ficou sem chefia e sem agente administrativo por um período em decorrência de afastamentos e das demissões, e de acordo com os relatos, principalmente os trabalhadores indígenas assumiram a condução das atividades.
Outro fato denunciado é a falta de transporte para as equipes de saúde que desde dezembro só podem prestar atendimento por um período do dia. De acordo com a Apib, a compra de insumos muitas vezes depende do financiamento colaborativo feito pelas organizações indígenas e sociedade civil.
No mês de janeiro foi ultrapassada a marca 200 mil mortes registradas em todo solo nacional em decorrência do Covid-19. Segundo dados oficiais, no Estado do Mato Grosso do Sul 3,6 mil casos entre indígenas foram confirmados e houveram 76 mortes.
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Indígenas Guarani e Kaiowá em Dourados (MS). Foto: Egon Heck.