Entre os dias 10 e 13 de novembro aconteceu o IV encontro Juruena Vivo, que teve sua primeira edição em 2013. O encontro tem sido realizado para discutir os grandes projetos, especialmente a construção de 8 usinas hidrelétricas e vários projetos de mineração, previstos para a bacia do rio Juruena, no noroeste do estado do Mato Grosso. No encontro, estiveram presentes representantes de 10 povos indígenas (Rikbaktsa, Myky, Manoki, Enawené Nawé, Apiaká, Paresi, Cinta Larga, Nambikwára, kayabi e Munduruku), entre diversos outros grupos de apoiadores.
O evento colocou em evidência o fracasso técnico, social e ambiental que é a política de construção de hidrelétricas no Brasil, não deixando dúvidas que a opção por esses empreendimentos beneficia única e exclusivamente as empreiteiras, os revendedores de energia e os grandes grupos de mineradoras, que utilizam a energia na atividade. O fórum Teles Pires, que reúne atingidos pelo complexo de empreendimentos no Teles Pires, especialmente a usina Teles Pires e a São Manoel, relatou os impactos que estão sofrendo: proliferação de leishmaniose; morte de várias espécies de peixes, essenciais para a soberania alimentar dos povos indígenas; aumento da violência; falta de empregos após 4 anos etc.
Na instalação da usina São Manoel, assim como em diversos empreendimentos, os povos indígenas impactados diretamente não foram consultados e a Força Nacional fez uso da violência para controlar a população e garantir a construção da usina. Demonstração flagrante do velho Estado atuando o povo para garantir os privilégios das classes dominantes e os interesses estrangeiros. Além disso, ficou evidente que as promessas de emprego, enriquecimento e melhorias são farsas que iludem o povo e colocam uma parcela da população das cidades contra os indígenas, ribeirinhos, pescadores e assentados.