MT: Seguranças de empresa ferem dezenas de indígenas durante protesto

Ao menos vinte indígenas ficaram feridos e carros da comunidade foram incendiados por seguranças da empresa Hydria Geração de Energia
Indígena foi alvejador por mais de trinta balas de borracha (esq.) e carros da comunidade foram incendiados por seguranças (dir.). Foto: Reprodução

MT: Seguranças de empresa ferem dezenas de indígenas durante protesto

Ao menos vinte indígenas ficaram feridos e carros da comunidade foram incendiados por seguranças da empresa Hydria Geração de Energia

Seguranças privados da empresa Hydria Geração de Energia deixaram ao menos 20 indígenas feridos e dois carros queimados durante ataques realizados contra os indígenas da etnia Enawenê-Nawê entre a noite do dia 25 de junho e a manhã do dia 26/06, em Sapezal, oeste do Mato Grosso (MT). Outros cinco carros também foram apreendidos pelos seguranças. Os ataques ocorreram no contexto de protestos realizados pelos indígenas a fim de elevar o valor cobrado pela empresa para instalação de hidrelétricas no Rio Juruena. A empresa é da família de latifundiários Maggi Scheffer e tem como um de seus sócios Eraí Maggi, o chamado “rei da soja” e primo do latifundiário e ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi. 

Os primeiros ataques ocorreram enquanto os indígenas se preparavam para uma manifestação a fim de tentar marcar uma reunião com os magnatas da empresa hidrelétrica. Filmagens divulgadas mostram pistoleiros disparando tiros de arma de fogo contra os indígenas enquanto impedem sua saída de um rio. “É de fora para frente”, grita um dos pistoleiros, enquanto atira. 

Pistoleiros disparam contra indígenas em preparação para manifestação. Vídeo: Mídia Jur

Novos ataques ocorreram na noite do dia 25/06, quando os indígenas não se intimidaram frente aos ataques anteriores e organizaram uma manifestação com mais de 400 integrantes da etnia. Ao menos vinte indígenas ficaram feridos com tiros de balas de borracha, dois carros foram incendiados e outros cinco foram apreendidos pelos seguranças da empresa. Imagens mostram um indígena com marcas de mais de 30 tiros de bala de borracha nas costas. 

Outras imagens, não especificadas quanto à data (se antes ou depois dos protestos), mostram ainda um outro ataque, durante o dia. Desta vez, uma caminhonete branca com insulfilm escuro invade a área em que os indígenas estavam localizados e dispara tiros de arma de fogo contra os integrantes do território. 

Essas retaliações ocorrem em meio à tentativa de renegociação por parte dos indígenas de um acordo feito há mais de dez anos com a empresa para a utilização do Rio Juruena para instalação de hidrelétricas. Os indígenas denunciam que o valor pago pela empresa não é suficiente para atender as necessidades da comunidade e as demandas de preservação da área e que o uso do rio pelas hidrelétricas têm afetado a qualidade dos recursos naturais utilizados pelos indígenas para sua subsistência. 

Segundo o acordo feito em 2012, a empresa paga um valor de R$ 36 mil aos indígenas, o que se torna pouco para as mais de 1,4 mil pessoas da comunidade (pouco mais de R$ 25 por pessoa). Por outro lado, a Hydria possui diversos empreendimentos no Rio Juruena. São ao menos oito Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no curso d’água. Em 2021, cinco dessas PCHs (Cidezal, Parecis, Rondon, Telegráfica e Sapezal) foram adquiridas pelo Grupo Bom Futuro, da família Maggi, pelo valor de R$ 1,07 bilhão. 

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