O ministro da Defesa, José Múcio, desabafou ao jornal monopolista Estadão as dificuldades que têm tido pela suposta falta de orçamento na pasta. Sem querer declarar culpados – ou admitir sua própria incompetência na gestão do Ministério –, Múcio responsabilizou o “momento do País” pelos problemas.
Segundo Múcio, as dificuldades são tantas que vão impactar o 7 de setembro. A edição vai ser mais modesta, “sem helicópteros, sem aquelas caças voando”.
O Ministério recebeu R$ 126 bilhões em 2024 e vai ter aumento de R$ 7 bilhões em 2025, segundo o planejado. O Exército, Marinha e Aeronáutica também foram contemplados em 2023 com R$ 53 milhões do Projeto de Aceleração e Crescimento (PAC).
Mesmo assim, Múcio reclama que “não estou nem cortando na carne, eu estou raspando o osso”.
Quem não está raspando o osso é o comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva.
O general terá, em seis encontros com militares estrangeiros, refeições que custarão quase R$ 700 mil aos cofres do País.
Pode-se imaginar os custos de outras refeições nos encontros do Alto Comando do Exército, do Alto Comando das Forças Armadas e em festinhas de celebrações especiais.
Múcio reclama dos gastos, mas esconde que o Ministério da Defesa gasta, há anos, mais de 80% do orçamento com gasto de pessoal. A proporção é três vezes maior do que o Exército imperialista do Estados Unidos (EUA).
Os gastos incluem, por exemplo, salários, pensões e planos de saúde. A maior parte do valor (mais de 50%) vai para aposentados e pensionistas – e a despesa com militares da reserva subiu 84% em 10 anos, segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) de junho desse ano.
É por isso, e não pela falta de dinheiro em geral, que os investimentos em estrutura e tecnologia do Exército reacionário brasileiro ficam para trás em relação ao que desejam os reacionários – e, diga-se de passagem, ainda assim, ficam muito, mas muito à frente do sucateamento da Educação, Saúde, habitação e outras urgências do povo brasileiro, estas sim, todas negligenciadas.
Mesmo assim, é claro, os militares reacionários exigem, por meio de seu porta-voz no governo, mais verba. Pior do que isso é para onde vai o dinheiro: para sustentar as operações militares contra-insurgentes e lesa-pátria e os acordos escusos de compra de material com o mundialmente rechaçado Estado de Israel.
As provas estão aí para quem quiser ver.
Hoje mesmo, o Ministério da Defesa anunciou que 60 militares da Marinha do Estados Unidos (EUA) vão participar do “exercício Formosa”, uma megaoperaçao de simulação realizada pelo Exército em Goiás e no Distrito Federal. A operação começou ontem e vai durar até o dia 18/9. No ano passado, como de costume, os militares ianques foram levados pelos “brasileiros” para treinar na Amazônia, como parte do exercício Core 23.
Ao mesmo tempo, militares reacionários do Centro de Instrução de Blindados de Santa Maria estão há dois dias em um treinamento para aprender a usar o Míssil israelense Anticarro Spike LR2, entregue pela empresa militar de Tel Aviv Rafael Advanced Defense Systems Ltda. em julho desse ano.