Milhares de mulheres camponesas se mobilizaram em luta pela terra por todo o Brasil entre os dias 1º e 8 de março, Dia Internacional da Mulher Proletária. As lutas, em forma de tomadas de terra e manifestações, ocorrem na Bahia, Alagoas e Rio Grande do Sul.
Camponesas tomam terras na Bahia
Centenas de mulheres camponesas tomaram terras na Bahia. As tomadas fazem parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Até o momento, 470 mulheres camponesas participaram na tomada de três latifúndios.
Na madrugada do dia 01/03, cerca de 120 camponesas ocuparam a Fazenda Santa Maria, no município de Itaberaba, na região da Chapada Diamantina (BA). A fazenda ocupada tem quase 2 mil hectares de terra e está abandonada.
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No dia 05/03, centenas de mulheres camponesas ocuparam duas fazendas abandonadas na mesma região. Cerca de 100 camponesas ocuparam a Fazenda Rosarinho, município de Rafael Jambeiro. De acordo com o MST, o latifúndio com mil hectares está abandonado há mais de oito anos e sem cumprir sua “função social”.
Outra ocupação aconteceu na região nordeste do estado, no município de Jeremoabo, onde 200 mulheres ocuparam a fazenda Espinheiro. Ainda segundo o MST, a área estava também abandonada há muitos anos, sendo uma parte de terras devolutas e outra parte, com mais de 620 hectares, de um único proprietário.
Todas essas terras são, agora, alvo da ocupação de centenas de camponeses pobres e contam com o apoio dos milhões de camponeses sem terra ou com pouca terra na busca de viver com dignidade. Esta luta ocorre por todo o país, como por exemplo em Rondônia, em que mais de 800 famílias realizaram o Corte Popular na Área Tiago Campin dos Santos e já estão colhendo os frutos do trabalho.
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Em Alagoas, camponesas exigem a regularização de suas terras
Cerca de mil camponesas marcharam em Maceió (AL), no dia 07/03, em direção à superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no centro da capital. As camponesas exigiram do Instituto a regularização imediata de suas terras.
A marcha reuniu camponeses organizados em diversas movimentos de luta pela terra, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), MST, Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Movimento Terra Livre.
A regularização das terras é uma importante pauta da luta camponesa por todo o país, pois é um passo rumo à titulação definitiva. Ainda que a titulação dada pelo velho Estado não seja a garantia final de que os camponeses não serão removidos de suas terras pelo latifúndio, ela pode impulsionar a luta contra as relações atrasadas de dependência e submissão do latifúndio (relações de produção semifeudais).
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No RS, camponesas denunciam barragem ameaçada de rompimento
Cerca de 300 camponesas realizaram um ato na comunidade Vila Herdeiros, no bairro Lomba do Pinheiro, em frente à Barragem Lomba do Sabão, na divisa entre Porto Alegre e Viamão, no Rio Grande do Sul. De acordo com as camponesas, o local, abandonado pela prefeitura de Porto Alegre desde 2000, está com alto risco de rompimento. Elas denunciam que o rompimento da barragem causaria danos incontáveis para cerca de 70 mil pessoas atingidas diretamente e exigem que a prefeitura tome providências imediatas.
Também na manifestação, foram feitas homenagens para a militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Débora Moraes, moradora do local, que em setembro de 2022 foi assassinada por seu marido.
Governo Lula/Alckimin não moveu uma palha à favor dos camponeses
Na contra mão do que exigem os milhares de camponeses em luta por terra, o governo Lula/Alckimin (passados mais de dois meses de seu início) ainda nem sequer apresentou um plano de “reforma agrária”. Isto tem motivado denúncias das massas de todo o país que, sem esperar pela paralisia das classes dominantes em atender suas reivindicações, tomam terras de Norte a Sul do país.
A própria direção do MST anunciou que seguirá com tomadas de terras no mês de abril para exigir uma resposta do governo.
Enfrentando tanto o latifúndio e sua pistolagem, como o governo e sua demagogia, as massas camponesas apontam para o caminho de tomar as terras do latifúndio.