Multinacional Arauco é responsável por crimes e prisões contra camponeses na Argentina

Multinacional Arauco é responsável por crimes e prisões contra camponeses na Argentina

O grupo chileno Arauco, um dos maiores conglomerados industriais no mercado global nos setores de celulose e produtos de madeira, foi responsável pelo despejo criminoso de famílias camponesas realizado pelas forças policiais provinciais de Misiones no povoado de Wanda na Argentina, no início de julho de 2024.

As famílias viviam e trabalhavam naquelas terras há mais de 10 anos. Não houve aviso prévio da ação. As famílias souberam apenas duas horas antes do ocorrido. O despejo aconteceu no contexto de um julgamento entre a  ARAUCO SA e um antigo proprietário, a cargo do juiz Dr. Juan Francisco Vetter.  A desapropriação foi executada pela polícia de Misiones a mando da Juíza de Paz de Wanda, Ingrid Radke e contou com o apoio logístico e de pessoal da Arauco S.A.

Foi dado um prazo de duas horas para desocupação do local, mais de 40 policiais iniciaram a ação detendo, algemando e agredindo adultos e menores, tanto durante o processo de prisão como nos momentos de transporte até a delegacia. Depois de deter violentamente os camponeses, as forças policiais procederam a destruir as moradias e retirar os pertences das famílias, além de queimar galinheiros e chiqueiros, deixando os animais e o fruto de anos de trabalho todos destruídos.

O governo de Misiones a serviço da Arauco

Este fato não é um caso isolado, a empresa multinacional Arauco S.A é acusada por comunidades e organizações ambientais de avançar sobre territórios comunitários, violar os direitos das comunidades indígenas e camponesas, promover o desmatamento, praticar o monocultivo de pinheiros e causar impactos ambientais.

Por exemplo, em setembro de 2023, membros das comunidades Mbya Guarani Guazurarí e Puente Quemado II protestaram contra a empresa florestal, que há décadas invade seus territórios, substituindo a mata atlântica por plantações de pinheiros.

“A própria empresa reconhece que, quando se chamava Alto Paraná S.A., entre 1994 e 2003, realizou o desmatamento de ‘20.811 hectares que estavam cobertas com vegetação nativa, para o estabelecimento de novas plantações’. Além disso, possuem outras 100.000 hectares de plantações compradas de outros proprietários após desmatarem a mata. Assim, a área total de plantações que a Arauco possui em Misiones é semelhante à de seis cidades de Buenos Aires”, afirmaram em um comunicado de imprensa.

É importante destacar que, na província de Misiones, está em vigor até 31 de dezembro de 2024 a Lei Provincial XII Nº 41, de Suspensão de Sentenças de Despejo e Leilão. Esta lei suspende as execuções de sentenças de despejo ou leilão de imóveis destinados à habitação única e familiar, e à habitação e produção agropecuária única e familiar, quando se verifica uma ocupação superior a 8 anos, em terrenos urbanos e rurais, sejam eles públicos ou privados.

No entanto, enquanto ocorria o violento despejo, o governo provincial anunciava que o vice-governador Lucas Romero Spinelli e o ministro da Indústria, Federico Fachinello, mantiveram uma reunião com Pablo Ruival, CEO da ARAUCO, e sua equipe, para tratar de uma agenda de “temas relacionados aos investimentos que a multinacional desenvolve em Misiones”.

‘A luta continua até que não haja nenhum camponês sem terra!’

Organizações sociais, produtores e comunidades indígenas formaram o grupo “Luta pela Terra de Misiones” para acompanhar as famílias na luta pela libertação dos detidos, que estavam injustamente encarcerados.

A organização, conformada em 8 de julho emitiu o seguinte comunicado: “Repudiamos o abuso e a violência policial, com a qual mais de 40 policiais avançaram, detendo, algemando e agredindo adultos e menores, causando lesões e graves consequências psicológicas, tanto durante o processo de detenção como nos traslados e na delegacia. Essa articulação de poderes tenta avançar sobre as famílias missioneiras e seu direito de ter uma terra onde viver, criar suas famílias e trabalhar para levar o pão às suas mesas”. “’A luta continua, até que não haja nenhum camponês sem terra!”

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