Na luta por direitos, entregadores de aplicativos realizam plenária em Brasília

Na luta por direitos, entregadores de aplicativos realizam plenária em Brasília

Buscando organizar-se na luta por seus direitos, trabalhadores que realizam entregas por aplicativo do Distrito Federal realizaram uma plenária da categoria no dia 7 de março de 2020. O evento teve por objetivo debater estratégias de atuação conjunta dos trabalhadores desse ramo, que em meio ao crescimento desenfreado dos lucros das megaempresas que gerenciam os aplicativos não possuem quaisquer direitos trabalhistas garantidos.

A plenária contou com a presença de dezenas de entregadores, além de trabalhadores de outras categorias que manifestaram apoio à iniciativa. Cleiton, um motociclista entregador, declarou: “A gente precisa de uma entidade que lute por nós, nós trabalhamos por meio de um aplicativo, sem nenhum direito. Isso aí é uma humilhação”.

Outro trabalhador da categoria, que é ciclista entregador há cerca de um ano e um dos participantes do movimento, informou: “A expectativa é positiva, muitas pessoas estão se interessando”.

O ciclista entregador também relatou enfrentar uma série de problemas junto aos aplicativos, o que corrobora com as queixas da grande maioria dos presentes: as empresas banem (isto é, desligam os entregadores sem maiores explicações) a partir de um sistema de avaliações que estabelece critérios arbitrários de seleção e permanência dos entregadores, além de não fornecerem uma infraestrutura mínima para os trabalhadores.

A reunião discutiu a precarização e desvalorização do trabalho dos entregadores, além da necessidade da garantia de direitos, no que foi apresentada a necessidade da consolidação de um sindicato para a categoria.

Diversos “motoboys” presentes já trabalhavam de maneira autônoma no ramo antes do surgimento dos aplicativos e se queixam do domínio imposto ao mercado pelas empresas de aplicativo.

Em panfleto lançado durante a plenária, os entregadores denunciam a exploração e pontuam reivindicações: melhoria no preço do frete, taxas de manutenção do veículo, seguro de vida e de acidente, além de pontos de apoio para beberem água, descansarem e carregarem os celulares que usam para trabalhar. Também enfatizam que, apesar do discurso das empresas ser de que o entregador é um “colaborador autônomo” que “lucra” com as entregas, o que há é uma relação de trabalho cada vez mais precária, onde o entregador trabalha cada vez mais para receber cada vez menos.

Uma das propostas na reunião foi a de que seja construído, de maneira autônoma, um ponto de apoio provisório para descanso dos entregadores em Brasília. Esse ponto de apoio estaria em um local central da cidade, aproveitando estruturas até então abandonadas, para, além de prover um auxílio aos entregadores, divulgar a existência das mobilizações dos trabalhadores do ramo de entregas.

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