Estudantes resistem à repressão policial. Foto: Navesh Chitrakar/Reuters
Confrontos entre policiais e manifestantes ocorreram em Katmandu, capital do Nepal, no dia 20 de junho, durante protestos contra alta no combustível. Cerca de 100 estudantes foram atacados e responderam com pedras a repressão policial desencadeada contra a manifestação. O protesto ocorreu após o anúncio de nova alta nos preços pela Corporação de Óleo do Nepal (CON), empresa monopolista do país.
No dia 20/06, a CON anunciou que aumentaria os preços do petróleo e diesel em 12% e 16%, respectivamente. Mais tarde, centenas de estudantes tomaram as ruas da capital do país para denunciar a piora das condições de vida do povo. Os estudantes queimaram bonecos representando o Primeiro Ministro, Sher Bahadur Deuba, e o Ministro de Indústria, Comércio e Suprimentos, Dilendra Prasad Badu. Cartazes com as consignas Ministro das Finanças, renuncie! foram erguidos.
A polícia usou cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a justa rebelião estudantil. Contudo, os manifestantes não se intimidaram e responderam ao ataque com arremesso de pedras. Nenhum estudante foi preso e ao menos um veículo da polícia foi danificado como resultado do confronto.
Estudantes arremessam pedras na polícia reacionária. Foto: Navesh Chitrakar/Reuters
Com o novo aumento da estatal monopolista, o litro do petróleo passou a custar 199 rúpias (R$ 8,23), enquanto o diesel e o querosene subiram para 192 rúpias (R$ 7,94). Atualmente, o Nepal importa o petróleo refinado principalmente da Índia, através da Corporação de Óleo da Índia (COI), empresa monopolista estatal indiana que domina o mercado de importação de combustível do Nepal. Em junho, a perda diária da CON atingiu o valor de 4,7 bilhões de rúpias (R$ 194,3 milhões), sendo a dívida para a COI em torno de 22 bilhões de rúpias (R$ 909,9 milhões).
A mais recente alta no preço do combustível no petróleo é reflexo da crise de superprodução relativa de capitais, sem precedentes, do imperialismo a nível global, e da grave crise econômica do capitalismo burocrático que afeta o Nepal, no particular. Além dessa alta, os preços dos alimentos e bebidas subiram 7,13%, enquanto a inflação de itens não-alimentícios e serviços está em 8,45%. “Se continuar assim, não teremos nenhuma alternativa além de diminuir o número de refeições”, declarou Sangita Kadka, moradora de Katmandu, ao monopólio de imprensa Zawya. Atualmente, em torno de 4,6 milhões de pessoas estão passando fome. Esse número deve aumentar ainda mais nos próximos meses com a diminuição das importações de comida após a Índia e outros 13 países restringirem as exportações de grãos.
Polícia é alvo de suas próprias bombas de gás. Foto: Navesh Chitrakar/Reuters