Nicarágua: Revolta popular obriga governo a revogar reforma da Previdência

Nicarágua: Revolta popular obriga governo a revogar reforma da Previdência

O povo da Nicarágua saiu em poderosos protestos em todo o país na segunda quinzena de abril e obrigou o presidente do velho Estado semicolonial, Daniel Ortega, a revogar a reforma da Previdência, no dia 23/04. Apesar de sanguinária repressão – que contou com a participação do Exército –, os manifestantes não recuaram. Ao menos 30 pessoas morreram, 120 foram presas e 50 foram feridas.

Os protestos ocorreram em mais de 84 municípios ou equivalentes por todo o país. O primeiro protesto ocorreu no dia 18 de abril e, depois desse, houveram mais quatro grandes protestos que envolveram milhares de massas.

No município de León, a 90 quilômetros da capital Maguana, a sede do INSS e outros edifícios do governo semicolonial também foram postos em chamas. Já na capital, as massas tentaram incendiar a sede de uma estação de rádio ligada ao velho Estado. Segundo relatos, em várias partes da cidade ouvia-se disparos e explosões. Vários painéis publicitários e monumentos governamentais foram incendiados em protestos massivos.

Em outros municípios também houve manifestações combativas. Em Masaya, uma multidão ergueu barricadas e saquearam supermercados. No município de Granada, manifestantes tentaram incendiar a prefeitura. Em todo o país, supermercados e outras grandes redes de comércio foram saqueados por multidões.

Para tentar manter o povo calado, o governo enviou tropas do Exército para a cidade de Estelí, localizada a 185 quilômetros de Managua, capital do país.

Atordoados pela violenta reação popular a seus intentos, os reacionários tentaram calar as massas por meio do massacre. Uma emissora de rádio no município de León foi incendiada e dois canais de televisão foram colocados fora do ar, segundo denúncias, em ações coordenadas pela repressão.

Um jovem estudante secundarista chamado Álvaro Conrado, de 15 anos, também foi executado pelas forças da repressão durante uma jornada de lutas estudantis nas universidades, em meio aos protestos contra a reforma da Previdência, no dia 20/04. Um jornalista chamado Ángel Eduardo Gahona também foi morto, ao vivo durante uma cobertura, mas não há informações sobre a autoria da execução.

A contrarreforma

Toda a rebelião voltou-se contra a tentativa do governo semicolonial de uma reforma na Previdência. A reforma pretendida por Ortega aumentaria o tempo de trabalho necessário para os trabalhadores se aposentarem. A proposta também reduziria em 5% o valor atual da pensão destinada aos aposentados.

Essa contrarreforma, tal como a que o governo semicolonial de Michel Temer pretende aplicar no Brasil, é parte de uma exigência do Banco Mundial e do imperialismo, principalmente o ianque. É uma necessidade dos monopólios leis trabalhista e previdenciária que permitam superexplorar mais o proletariado e o povo por mais tempo.

Protestos nas ruas de Managua. Foto: Jorge Torres

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