
Madri: milhares de manisfestantes protestam durante a 2a greve do ano
Centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas na greve geral do dia 14 de novembro (14-N) no Estado espanhol, desde as Ilhas Canárias até a Galícia, para protestar contra a pilhagem capitalista com que vem sendo atacado o povo espanhol. O contexto que se vive no país ibérico é o presságio de que os ajustes econômicos e o consequente aprofundamento da pauperização dos espanhois não cessarão a curto prazo.
Os setores mobilizados vieram de diferentes áreas de trabalho, como operários, empregados da educação, saúde, empregados públicos dos municípios e dos governos regionais do país, estudantes universitários e de escolas, aposentados; assim como desempregados, organizações de pessoas afetadas por hipotecas bancárias e outras fraudes.
O protesto da população nas ruas foi contundente, resultando, em alguns casos, em renhidos enfrentamentos entre jovens manifestantes e os efetivos policiais, o que trouxe como consequência mais de sete dezenas de feridos e mais de cem presos.
O motivo do protesto é que no Estado espanhol vem sendo derrubado paulatinamente todo o investimento público que se demandou para edificar o ‘Estado de bem-estar social’ que se tem vivido no país há umas três décadas. A retirada progressiva ou abrupta dos subsídios provocou enorme desemprego, reduções na renda de aposentadoria, reduções no seguro desemprego, maior rigor para outorgar benefícios sociais a trabalhadores aposentados e desempregados, redução de até um terço dos salários dos funcionários públicos e aplicação de uma legislação de trabalho que permite as demissões e reduz a quantidade de benefícios de rescisão. Os subsídios das escolas e hospitais sofreram cortes, se retirou o seguro médico gratuito aos imigrantes sem documentação, se despediu centenas de trabalhadores da saúde e da educação pública, entre uma larga lista de cortes de benefícios.
Paralelamente, o Estado espanhol não poupou esforços para assumir as dívidas bilionárias dos bancos espanhois, em uma espécie de "estatização dos bancos", mas apenas para comprar os chamados "ativos tóxicos" bancários - ativos imobiliários sobredimensionados no marco da bolha imobiliária -, ou seja, uma espécie de socialização das perdas dos negócios bancários, enquanto, paralelamente, o Estado transfere o pagamento da crise para cada um dos cidadãos espanhois.
Esta foi a segunda greve do ano, algo incomum na Espanha, pois, historicamente — até dois anos atrás — as greves ocorriam em uma média de quatro anos. Vídeos com imagens das ações grevistas e dos violentos confrontos entre manifestantes e a policía podem ser vistos no blog da redação de AND (anovademocracia.com.br/blog).
A Europa parou para protestar

Portugal: protestos se tornam mais massivos e redicalizados
Além da Espanha, no 14-N a Europa parou diante da greve geral e dos protestos realizados também em Portugal, Grécia, Itália, França, Bélgica, etc. Nestes países, milhares de trabalhadores e jovens foram às ruas contra as medidas de austeridade impostas pelas gerências de turno a mando da "troika" (grupo formado pela União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), contra a crescente precarização das condições de vida do proletariado e em luta por seus direitos. Diversas manifestações de apoio também ocorreram em pelo menos 23 países do continente na data batizada de ‘Dia Europeu de Ação e Solidariedade’.
Em Portugal, a greve atingiu mais o setor público, principalmente os transportes. Pelo menos 40 representações portuguesas no estrangeiro foram fechadas devido à adesão dos funcionários à greve geral. A polícia tentou impedir vários piquetes que foram realizados em garagens de ônibus. Vale ressaltar que na Península Ibérica, essa foi a primeira greve da história que uniu Portugal e Espanha com o objetivo de protestar contra o aumento de impostos e os cortes de salários e benefícios.
Na Grécia, a paralisação geral começou ao meio dia do horário local. Além das tradicionais manifestações combativas realizadas tradicionalmente pelos gregos, pelo menos seis edifícios foram ocupados em protesto contra a demissão de 25 mil funcionários públicos até ao final de 2013. Em várias cidades os trabalhadores iniciaram uma campanha de desobediência contra o governo, se recusando a enviar uma lista de pessoas para a demissão.
Na Bélgica, os sindicatos organizaram diversos protestos, principalmente na região sul do país, em cidades como Namur, Liège e Libramont, onde o desemprego é maior. Na Itália, os funcionários do transporte se somaram a uma greve nacional de 4 horas. Outros protestos foram registrados na Alemanha, França e em países do leste europeu.