
Manifestantes superlotam a Praça Tahrir, no Cairo, Egito, no dia 27 de novembro
O combativo povo do Egito, que nos últimos anos vem se mobilizando de forma retumbante em gigantes e incessantes protestos por uma democracia verdadeiramente popular, dá sinais de que não irá aceitar que as forças reacionárias sigam cavalgando a sua justa rebelião, ainda que a falta de lideranças consequentes e a ausência de um programa revolucionário para as massas ainda deixem os egípcios à mercê de novas conformações antipovo, como as que aconteceram e que ainda estão em andamento na sequência da saída do "ditador" Hosni Mubarak.
No início de dezembro, duas sedes do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, foram incendiadas nas cidades de Ismailiya e Suez, no nordeste do Egito. Em Ismailiya, a cidade onde a Irmandade Muçulmana foi fundada, em 1928, a sede da organização foi atacada com coquetéis molotov no momento em que havia 15 pessoas em seu interior.
Essa "irmandade", incensada por muita gente que se diz "de esquerda", já adotou o discurso antipovo oficialesco, caro a todo e qualquer grupo político que ascende à administração do capitalismo burocrático nas semicolônias do mundo pela via eleitoreira, da farsa eleitoral chancelada pelo imperialismo. Seus porta-vozes acusaram as "forças de segurança" e de "proteção civil" de terem sido ''negligentes" para evitar as justas ações contra seus escritórios. É também lá como é em qualquer outro lugar no que tange aos reformistas de toda estirpe: foi só se empoleirar nas estruturas do velho Estado egípcio para a Irmandade Muçulmana açular a repressão ao povo, tal e qual Mubarak e os militares.