
Os jornalistas foram assassinados para não desmascararem ação do exército contra camponeses
No Perú, em janeiro de 1983, a notícia sobre a morte de supostos guerrilheiros do Partido Comunista do Peru (PCP) em Huaychao, executados por camponeses, atraiu o interesse da imprensa nacional.
Um grupo de oito jornalistas de diferentes veículos de imprensa decidiram ir até a serra peruana para recolher mais informações sobre o tema, que fervia nos meios limenhos. Afirmava-se que os camponeses haviam se levantado, armados, contra o Sendero Luminoso. Mas havia muitas pontas soltas, como a existência de menores de idade entre os mortos.
O Peru era governado por Fernando Belaúnde Terry, do partido conservador Ação Popular, que colaborou com Fujimori nos anos de 1990, mas nos anos 80 tinha a "simpatia" de alguns "esquerdistas" reciclados, oportunistas e revisionistas.
A guerra popular havia começado três anos antes e opunha, por um lado, os guerrilheiros (principalmente camponeses pobres), e por outro, "os Sinchis", destacamento da polícia nacional. Mas em 1983, o governo de Belaúnde autorizou a entrada das forças armadas no conflito. Desde este momento, estas forças deixariam seu selo criminoso, em particular a Marinha de Guerra do Peru, que tratava com especial sadismo os guerrilheiros detidos por lutar contra o Estado e por serem camponeses serranos.
As forças armadas iniciavam a criação das "aldeias estratégicas", seguindo a estratégia ianque no Vietnam, através da formação forçada das "rondas camponesas" para enfrentar os guerrilheiros. A ordem que membros do exército davam aos dirigentes destas "rondas" (muitos deles camponeses ricos que perderam suas terras para a guerrilha) era matar todo estranho que não chegasse por terra e só receber aos que viessem pelo ar.
Naqueles tempos os generais do exército declaravam abertamente: "Se de cem camponeses mortos houver um subversivo, então a ação está justificada". Era a confissão sem nenhum tipo de escrúpulos de que estavam aplicando a estratégia de "terra arrasada" na guerra contra-subversiva.