Há alguns meses, em AND 98, falamos sobre a falácia dos discursos duplos de alguns governos como os de Correa e Evo Morales na América do Sul. Eles não medem esforços para lançar ao vento bravatas carregadas de anti-imperialismo, enquanto empreendem uma feroz repressão contra os lutadores sociais, revolucionários e cidadãos indefesos.
Em AND 98 mostramos como os governos da Bolívia, Equador, Venezuela e Brasil, durante a Assembleia Geral da OEA, realizada em Cochabamba, Bolívia, em 2012, fizeram uma campanha para diminuir as atribuições da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), acusando este organismo de defender interesses políticos contrários a seus Estados. Naquela oportunidade, afirmamos que tal intenção estava baseada em garantir a impunidade a todas as arbitrariedades cometidas contra os direitos civis e políticos de diversos cidadãos dos países latino-americanos. Demonstramos com uma série de fatos como Correa vinha executando um horrível plano macartista, difamando e desprestigiando um grupo de jovens equatorianos, através das forças repressivas e dos meios de comunicação leais a seu governo.
Jamais defendemos, nem defenderemos, uma fé cega ou alguma confiança nos órgãos jurisdicionais do Equador, Bolívia, Brasil, Venezuela etc, nem tampouco na CIDH. Entretanto, a intenção de recortar as atribuições ou de retirar-se deste foro jurisdicional internacional, cuja única função é a de fazer um controle constitucional dos direitos civis e políticos dos cidadãos no continente americano, está ligada ao desejo totalitarista de dominar até o último espaço de poder nos mencionados países latino-americanos e restringir aos cidadãos qualquer instrumento jurídico ao qual possam recorrer, em caso de violações flagrantes de seus direitos fundamentais.