Uma década depois, nada mudou
Patrick Granja
Com informações da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
Nos anos de 2003 e 2005, em cantos opostos da região metropolitana, um total de 33 pessoas foram assassinadas por policiais militares em dois episódios que ficaram conhecidos como a Chacina do Borel e a Chacina da Baixada, respectivamente. Em todos os casos, segundo laudo cadavérico realizado pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli nos corpos das vítimas, havia claros sinais de execução sumária. Tiros por trás, disparados a curta distância, muitas vez na nuca ou na parte de trás da cabeça, além de marcas de tiros nos braços, sinalizando a intenção das vítimas de proteger o rosto.
No Borel, quatro homens foram mortos a tiros em uma operação do 6º Batalhão: Carlos Alberto da Silva Ferreira, pintor e pedreiro; Carlos Magno de Oliveira Nascimento, estudante; Everson Gonçalves Silote, taxista; e Thiago da Costa Correia da Silva, mecânico.
Já na Baixada Fluminense. O crime aconteceu no final da tarde do dia 16 de abril e, segundo relatos de testemunhas, as vítimas nem ao menos puderam se identificar antes de serem executadas com tiros na cabeça, tórax, braço e antebraço.
Posso me identiicar?
Thiago havia saído para encontrar o amigo de infância, Magno, em uma barbearia na Estrada da Independência, principal rua de acesso ao morro do Borel. Quando saíram do barbeiro, Magno e Thiago, além de Carlos Alberto, que tinha acabado de chegar à barbearia, ouviram sons de disparos e correram em direção a uma vila conhecida como Vila da Preguiça.